Cinema
"127 Hours" por Nuno Reis
Aron: I'm only a psycopath on weekdays, today is saturday.
Um homem, uma bicicleta, e todo o mundo ao seu alcance. Quando Aron Ralston saiu de casa no dia 25 de Abril era um jovem com o mundo à distância de um braço. Tinha a capacidade física para atravessar o deserto a pedalar, escalar montanhas e divertir-se com as potencialidades do corpo. O único problema foi ter partido sozinho, sem dizer a ninguém para onde ia. Foi imprudente? Sim, a imprudência típica da juventude, quando o corpo tudo consegue e a mente acha que tudo sabe. Mas tinha muita experiência, teoricamente estava equipado com tudo o que precisava e tinha o conhecimento para usar esse material. As 127 horas foram o castigo por não prever o imprevisto.
Vendo as maravilhosas paisagens por onde Ralston viajou, qualquer um que já tenha pensado em partir numa aventura em duas rodas vai desejar percorrer o mesmo trajecto, fazer as mesmas loucuras, conhecer as mesmas pessoas, não ter o mesmo destino. A única coisa errada naquele plano foi não alertar para 127 horas preso dentro de um buraco. Uma caminhada que tinha tudo para ser inesquecível, apesar de igual a tantas outras, tornou-se um hino à preseverança e capacidade de transcendência de um indivíduo. Afinal de contas a vontade de viver leva-nos a fazer o impensável, desde que consigamos manter a cabeça fresca.
A nível técnico as cenas iniciais são uma pura demonstração de talento. Cenários fabulosos feitos apenas com céu e rochas, música brutal, várias cenas perfeitamente combinadas lado a lado... Se a ideia era prender o espectador funcionou. Quem vê aquilo não consegue ficar indiferente ao local e percebe porque Ralston se sentiu atraído. De louvar não só quem fez a fotografia, mas em especial Jon Harris pela montagem. Quanto a actuações basta falar de Franco, que cumpre perfeitamente o que foi pedido. Os seus vários perfis são convincentes, tem hilariantes diálogos com ele mesmo e transmite todas as emoções com facilidade. A parte final não consegue o mesmo efeito que o início, quase como se tivesse um final demasiado feliz.
O que mais impressiona é a rapidez com que o tempo passa. As horas e os dias sucedem-se, acontece imensa coisa naquele pequeno espaço e o filme apesar disso é muito curto, apenas hora e meia.
É costume citar Twain "a diferença entre a verdade e a ficção é que a ficção tem de ser credível". Se esta fosse um obra de ficção teria sido demasiado simples, um pouco ridicula e seguramente inacreditável. mas aconteceu e o retrato que mostra é de uma pessoa real que passou por aquilo. Como análise psicológica é um grande trabalho (mérito para Ralston que filmou a sua degradação como guia para a obra de ficção), mas não justifica todo o pânico e incómodo relatado entre espectadores.
Termina com uma moral óbvia: deixar sempre um papel a dizer para onde se foi. Sem isso, o paradeiro será um mistério digno de um Scooby Doo. E não comprem nada chinês.
| Título Original: "127 Hours" (EUA, Reino Unido, 2010) Realização: Danny Boyle Argumento: Danny Boyle, Simon Beaufoy (baseados no livro de Aron Ralston) Intérpretes: James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Clémence Poésy Música: A.R. Rahman Fotografia: Enrique Chediak, Anthony Dod Mantle Género: Aventura, Drama, Thriler Duração: 94 min. Sítio Oficial: http://www.127hoursmovie.com/ |
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