"A Midsummer Night's Sex Comedy" por Nuno Reis
Cinema

"A Midsummer Night's Sex Comedy" por Nuno Reis


Leopold: Apart from this world, there are no realities.
Aluno: But that leaves many basic human needs unanswered.
Leopold: I'm sorry. I did not create the cosmos. I merely explain it.


A fantasia sempre foi um escape da humanidade do mundo que habita. Shakespeare foi um dos autores mais criativos de todos os tempos. Se excluirmos trabalhos de autores anónimos como os “Contos das 1001 Noites” e obras de temática religiosa (como “A Divina Comédia“ de Dante), é em Shakespeare que se pode encontrar o mais antigo exemplo de um autor com obras fantásticas, como são “A Tempestade” e “A Midsummer Night’s Dream”. É difícil imaginar como alguém numa era em que não se escrevia contos de fadas (esta peça foi publicada 200 anos antes de nascerem os irmãos Grimm e Hans Christian Andersen) pudesse criar um mundo novo. Talvez se tivesse inspirado num caso verídico e apenas tivesse transformado as personagens conhecidas em seres imaginários. Woody Allen vai reverter esse processo.
Pegando num conto de uma aparentemente enorme fantasia, Allen vai transformar as personagens míticas em humanos normais. Viaja para o início do século passado, reúne três casais numa quinta mágica, baralha as relações entre eles e coloca uma esfera a fazer a ligação com o mundo dos espíritos. Nesse ambiente místico vai ser discutido amor, biologia, filosofia, vão-se cruzar passado, presente e futuro e serão tomadas decisões que marcarão as pessoas para sempre.
Foi o primeiro filme com a sua musa maior, Mia Farrow, e ela como recompensa por isso teve uma nomeação para Razzie, o único prémio para que o filme foi nomeado. É estranha esta mudança do cineasta oscarizado (e frequentemente nomeado) para os prémios negativos, mas o público ainda não tinha aprendido a lidar com as várias facetas de Allen, e Farrow realmente é o pior que o filme tem. Apesar de ter regressado à àrea de influência de Bergman (semelhanças com “Smiles of a Summer Night”), este trabalho é um filme cómico na sua plenitude. O drama e o romance fazem parte da história, mas sempre com muito humor. Criaturas voadoras, flechas do cupido, amor, luxúria e paixão fazem parte da história original. A incerteza e o existencialismo foram um acrescento.
Foi o filme mais fraco feito por Allen numa década e seria precisa outra década para vir outro filme inferior à excelência de então. Mas Allen mesmo quando é mau é superior a tantos outros realizadores...


A Midsummer Night's Sex ComedyTítulo Original: "A Midsummer Night's Sex Comedy" (EUA, 1982)
Realização: Woody Allen
Argumento: Woody Allen
Intérpretes: Woody Allen, Mia Farrow, Tony Roberts, José Ferrer, Julie Hagerty, Mary Steenburgen
Fotografia: Gordon Willis
Género: Comédia, Romance
Duração: 88 min.



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