"Crazy, Stupid, Love" por Nuno Reis
Cinema

"Crazy, Stupid, Love" por Nuno Reis


"Crazy, Stupid, Love" chegou cá com excelentes referências. Elenco de luxo, realizadores com bom começo de carreira, críticas muito favoráveis, toda a gente queria ir ver. Foram, viram e renderam-se. Este romance era uma das obras mais agradáveis e completas sobre o amor que o cinema recente nos trouxe. Vamos ver o amor paralelamente em várias gerações. O amor infanto-juvenil numa fase de curiosidade e descontrolo hormonal. O amor adolescente e a vontade de afirmação no mundo adulto. O amor jovem e os jogos de sedução dos solteiros. E finalmente o amor na meia-idade, quando a chama se começa a apagar e as tentações extraconjugais aparecem.

Estamos cheios de clichés e de actores a repetirem-se. Julianne Moore é a mulher infiel (papel que a costuma nomear a Oscar). Steve Carell é o marido traído/abandonado (que ainda este ano voltou a encarnar em "Seeking a Friend...") e com pouca experiência sexual (como no seu lançamento cinematográfico "40 Year-Old Virgin"). Emma Stone é a jovem desconcertante e insegura que tem todos caídos por ela como em tantos filmes (e ainda há uma referência a “The Scarlet Letter” como em "Easy A"). Marisa Tomei é sensual e tonta, Kevin Bacon é enigmático e sedutor… Talvez a maior diferença seja Ryan Gosling (considerado por muitas o homem mais sexy do mundo) que aqui é o galanteador de serviço. Gosling tinha-se dedicado a papéis mais sérios para combater o estigma, mas aqui deixou-se levar por um papel que além da personagem interessante tem uma componente física e de sedução evidenciada. Apesar de tudo aquilo que já vimos "Crazy, Stupid, Love" marca a diferença. Primeiro, porque combina todas as histórias com igualdade de tempo e relevância. Independentemente da idade que se tenha, há uma identificação com todos os intervenientes e com os seus problemas. O Amor é intemporal. Segundo, porque apesar da situação delicada em que estão todas estas personagens consegue manter a comicidade e o ridículo: "A brincar se dizem as verdades". E terceiro porque revela técnicas de sedução (e truques de engate) que podem ser usados sem parecer mal. Mesmo que o alvo os reconheça do filme, no mínimo admitirá que têm gostos cinéfilos semelhantes e esse é sempre um bom ponto de partida.

Deixemos de pensar no Amor como um bicho de sete cabeças. Deixemos de o encarar como um drama. O Amor é para ser vivido, é para trazer felicidade. Por isso, se querem esquecer o filme, pelo menos recordem o título. É estúpido, é louco, é o amor. E isso permite que sigam com as vossas vidas muito mais relaxados.

Crazy, Stupid, LoveTítulo Original: "Crazy, Stupid, Love" (EUA, 2011)
Realização: Glenn Ficarra, John Regua
Argumento: Dan Fogelman
Intérpretes: Steve Carell, Ryan Gosling, Julianne Moore, Emma Stone, Analeigh Tipton, Jonah Bobo, Jaey King, Marisa Tomei, Beth Littleford, John Carroll Lynch, Kevin Bacon
Música: Christophe Beck, Nick Urata
Fotografia: Andrew Dunn
Género: Comédia, Drama, Romance
Duração: 118 min.
Sítio Oficial: http://crazystupidlove.warnerbros.com/index.html



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