Cinema
"Die Wolke" por Nuno Reis
“Casal apaixonado enfrenta nuvem radioactiva” parece um título mais interessante e elucidativo. O argumento deste filme foi baseado num livro escrito em 1987, quando o Muro ainda dividia as Alemanhas e Chernobyl era uma realidade muito próxima no tempo e no espaço.
Hannah é uma jovem como todas as outras, gosta do sol, de rir e de um rapaz. Tem um irmão mais novo um pouco doente. Um dia, a meio de um teste, começa a soar o alarme. Algo de errado se passa na central e não podem esperar para descobrir, vão ter de correr para sobreviver. Como a mãe está fora Hannah separa-se de Elmar (o tal rapaz) para ir buscar o irmão a casa. Juntos correm para o comboio, a última esperança de escapar. Numa corrida que parece não ter fim, no meio de uma multidão em pânico para quem a única coisa que importa é sobreviver, conhecerá vários tipos de dor, chegando a perder o interesse na vida. Dezenas de milhares morrem, Hannah é uma das sortudas que sobrevive mas perdendo tudo e todos. Apenas a recordação de Elmar a manteve viva e quando ele aparece ela volta a ser feliz. Mas nem tudo é perfeito e juntos irão descobrir porque é o sacrifício a mais verdadeira demonstração de amor. Dizer mais do que isso seria estragar o filme.
Como filme alemão, de baixo orçamento e sobre jovens, não se podia esperar que tivesse grandes nomes. Um casting de jovens para este género de filmes tem de jogar com muitos factores e a solução mais fácil é pegar em actores de séries televisivas. “Die Wolke” não foge à regra e reúne um elenco secundário capaz, deixando os protagonismos entregues a uma dupla talentosa. Frank Dinda é um actor com uma extensa carreira, era um pouco velho para o papel - 23 anos a interpretar um aluno de secundário - mas como a personagem era um jovem maduro e responsável disfarçou bem. O papel feminino, bem mais importante e exigente, foi entregue a uma actriz com meia dúzia de papeis televisivos e sem experiência no cinema. Foi a melhor escolha que fizeram. Aliando beleza, talento, e uma personagem cativante, Paula Kalenberg apresenta-se ao público cinéfilo como uma actriz com um futuro brilhante pela frente.
Este “Die Wolke” é uma história para quase todos os públicos. Se não fosse a morte sempre presente seria uma simples história de amor. Exceptuando pelo parágrafo final o filme não é anti-nuclear, o acidente serve apenas para criar um contexto. Claro que essa simples frase consegue converter qualquer um que seja simpatizante do nuclear, mas isso não é importante. Imagino que a ausência de marketing e a ignorância total do público sobre o filme abrevie a estadia da película nas salas, isso sim, é uma tragédia.
| Título Original: "Die Wolke" (Alemanha, 2006) Realização: Gregor Schnitzler Argumento: Jane Ainscough, Marco Kreuzpaintner (baseados no livro de Gudrun Pausewang) Intérpretes: Paula Kalenberg e Franz Dinda Fotografia: Michael Mieke Música: Max Berghaus, Stefan Hansen, Dirk Reichardt Género: Drama/Romance Duração: 105 min. Sítio Oficial: http://www.die-wolke.com/ |
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