"El Último Verano de la Boyita" por Ricardo Clara
Cinema

"El Último Verano de la Boyita" por Ricardo Clara



O que mais desperta os sentidos em "El Último Verano de la Boyita" é o modo como Júlia Solomonoff consegue produzir uma peça intimista vista quase sempre de um local longe daquele onde decorre a acção principal. Quando Jorgelina se senta no alpendre da casa de campo, procurando saber se Mario vai morrer, sabemos de tal conversa escondidos no interior da cozinha, do mesmo modo que assistimos a entrega de Mario à sua sexualidade e à recém amiga numa final ida ao rio, voyeuristicamente recebida no meio da folhagem.

Vencedor da 14.ª Edição do Queer Lisboa, "El último Verano de la Boyita" é mais do que um filme sobre a descoberta da sexualidade adolescente, ou da intricada teia de relações inter-sociais que fazem parte do momento final de integração do ser humano no âmago da sociedade. É uma profunda questão de procura do verdadeiro "eu" que existe no interior de cada indivíduo.

Mario procura tanto entender quem é, como Jorgelina procura perceber quem é, e o que poderá vir a ser. Se o sexo e o hermafroditismo servem de estrutura fílmica, a linguagem encontra-se claramente vincada na busca de modos de integração social. Mario não se integra na sua anatomia, e encontra-se num pólo diferente da sua geografia sexual e familiar (com o seu pai a procurar decidir onde o posicionar). Tal como Jorgelina está fora do seu habitat urbano, ciente da sua integração sexual (ainda que explorando-a), mas deixando os seus sentimentos serem conduzidos para o lado que não poderá ter sucesso. E como ela, a família de Mario, caseiros da quinta de férias da família da jovem adolescente. Para recordar, a belíssima cena onde Elba (que no fundo sabia da condição deslocada do filho), é informada pelo médico/patrão de que afinal foi mãe de uma filha. Nesse momento, onde o plano nunca sai da sua face, a caseira integra-se numa nova posição na sua vida, atingindo um momento de sublimação pessoal, até pela negação de anos que levaria consigo.

Fruto da pungente cinematografia argentina, de onde nos surgem nomes como Lucrecia Martel ("La Mujer Sin Cabeza" – 2008) ou Juan José Campanella ("Título Original: "El último verano de la Boyita" (Argentina, Espanha, França, 2009)
Realização: Julia Solomonoff
Argumento: Julia Solomonoff
Intérpretes: Guadalupe Alonso, Nicolás Treise, Mirella Pascual, Gabo Correa
Música: Sebastián Escofett, Julia Solomonoff
Fotografia: Lucio Bonelli
Género: Drama
Duração: 93 min.
Sítio Oficial: http://www.laboyitafilm.com/



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