Cinema
"The Hurt Locker" por Nuno Reis
Em cenário de guerra um soldado tem de confiar a vida aos colegas. Cada um fará exactamente o que lhe mandam de forma a minimizar os riscos para si e para os que o rodeiam. Na guerra moderna as ameaças não são diferentes, são apenas mais. Se antes os snipers eram o maior receio da infantaria, agora esse estatuto pertence aos bombistas. Tudo e todos podem ser uma bomba. A qualquer momento um soldado pode ser mandado pelos ares em pedaços. Por isso é que existem as brigadas especializadas na desactivação e detonação de explosivos. Sem que seja uma crítica directa à guerra, "The Hurt Locker" é uma sentida homenagem a esses homens.
A equipa Bravo está a dois meses de sair do Iraque quando perdem um membro para uma bomba. Além do choque pela perda que o tempo os ensinou a superar, sofrem um novo choque quando chega o novo líder. Este aventureiro vai contra todos os manuais e arrisca-se inutilmente a cada bomba que passa. Como a sorte protege os audazes vai escapando às bombas miraculosamente. Até que chegam as bombas humanas e isso é algo que ninguém estava preparado para ver. Ter de desactivar algo dentro de uma pessoa, ou preso a ela, mexe com os sentimentos de qualquer um.
Os cenários jordanos de deserto e os efeitos visuais de explosões dão todo o realismo necessário. Aliás, chega a causar nojo aos estômagos mais preparados. A realização está ao grande nível que Bigalow nos acostumou desde sempre. O lado humano tem sempre enorme destaque, mesmo que seja preciso chegar ao último minuto para que essa faceta nos deixe boquiabertos.
A distinta divisão entre interior e exterior permite uma simpatia pelos homens transferidos para o deserto, mesmo que se desgoste dos soldados ou do seu país. É que os filmes de guerra começam a ser um exagero. Já devem existir filmes que foquem todos os lados de todos os confrontos internacionais. Mesmo assim quem assistir ao filme sairá muito agradado com a filmagem e talvez surpreendido pela mensagem. Este louvor à guerra é a forma mais inteligente de a criticar.
É um filme a não perder pelo apreciadores de cinema. Não se compreende que tenha desaparecido tão depressa das salas estando agora limitado a meia dúzia de multiplexes.
: "The Hurt Locker" (EUA, 2008) Realização: Kathryn Bigelow Argumento: Mark Boal Intérpretes: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse Fotografia: Barry Ackroyd Música: Marco Beltrami, Buck Sanders Género: Acção, Drama, Guerra, Thriller Duração: 131 min. Sítio Oficial: http://www.thehurtlocker-movie.com/ |
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