Crítica - After (2012)

A julgar apenas pela sua sagaz sinopse, ?After? parece destacar-se como um projeto intrigante que promete explorar, com suspense e perícia, uma intriga misteriosa que puxa criativamente por questões relacionadas com os mistérios da mortalidade e do subconsciente humano. Estas promessas que são deixadas pela sua curiosa premissa acabam por fica aquém da realidade porque, embora não seja um thriller descabido ou desinteressante, não se pode dizer que este filme seja um thriller inovador que aproveite ao máximo as potencialidades intelectuais e emotivas da misteriosa história de Freddy e Anna (Steven Strait e Karolina Wydra), dois jovens que, após sofrerem um violento acidente de viação quando voltavam a casa, acordam desorientados nos seus respetivos quartos e descobrem que são as únicas pessoas que restam na sua pequena cidade. Eles apercebem-se rapidamente que estão presos numa espécie de realidade alternativa, e que terão de desvendar um grande mistério para conseguirem escapar ao seu iminente destino mortal.

É verdade que há uma espécie de suspense positivo e empolgante que emana da sua intriga, mas este potencial nunca é aproveitado ao máximo por Ryan Smith, que devia ter puxado um pouco mais pelo mistério e pela aventura do guião, em vez de ter perdido tanto tempo a desenvolver os aspetos românticos e dramáticos que aproximam as vidas dos dois protagonistas. É certo que esta parte mais melodramática faz algum sentido e até consegue acrescentar uma certa profundidade ao guião, mas por arrasto acaba também por retirar alguma dinâmica e intensidade a esta razoável produção, que em certas alturas parece um pouco forçada e demasiado lamechas. Em suma, ?After? precisava de ter tido um maior equilíbrio narrativo entre os seus elementos dramáticos e sombrios, para assim fazer justiça ao potencial intelectual que está previsto na sua empolgante sinopse, que nos dá a entender que ?After? é um thriller sobrenatural bastante mais mexido e misterioso. É verdade que as suas subtramas românticas e dramáticas têm um certo valor e são bem desenvolvidas, mas também gostaria de poder dizer o mesmo sobre as suas partes mais sombrias e sobrenaturais, que acabam por ser atiradas para um estranho segundo plano por causa da excessiva centralidade das questões dramáticas. No fundo, ?After? precisava de um pouco mais de ação e de um pouco menos de melodrama, mas verdade seja dita que Ryan Smith bem tentou criar um apelativo thriller sobrenatural. A sua competente direção tem alguns pormenores técnicos bem interessantes, que ajudam a alimentar o espirito alternativo e incerto desta produção independente, que seria algo banal se não tivesse uma componente visual assim tão empolgante. É óbvio que não é propriamente um thriller muito intenso e desafiante por causa das óbvias debilidades do seu guião, mas não há dúvidas que ?After? tem algumas coisas positivas, como a apelativa direção do promissor Ryan Smith, um talentoso realizador norte-americano que tem potencial para criar coisas bem interessantes num futuro próximo. 

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