Cinema
Crítica - Avatar (2009)
Realizado por James Cameron
Com Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang
Se há realizador neste mundo que esteja habituado a doses elevadas do mais árduo desafio e da mais venerável ambição, esse realizador é James Cameron. Este cineasta canadiano de 55 anos de idade é, sem sombra de dúvida, um dos grandes mágicos do cinema contemporâneo. Após surpreender meio mundo com a saga futurista apocalíptica ?The Terminator?; após imprimir uma abismal dose de adrenalina no claustrofóbico mundo de ?Aliens?; após se tornar ?Rei? do mundo com o categórico e bem-sucedido ?Titanic?, eis que James Cameron volta à ribalta com o filme mais caro da História do cinema, suplantando o recorde e a fasquia monetária previamente impostos por si mesmo. Praticamente uma década havia passado desde a última obra de Cameron. Com ?Avatar? dá-se um mais que esperado regresso à Sétima Arte e, verdade seja dita, o realizador volta para nós em grande estilo!
Rivalizando talvez apenas com a fantástica saga ?The Lord of the Rings? de Peter Jackson, ?Avatar? é bem capaz de ser o filme visualmente mais belo e espectacular do século XXI. Arquitectado originalmente para meados da década de 90, Cameron chegou à conclusão que ?Avatar? teria de esperar mais uns anos para que pudesse ser concretizado com sucesso e toda a mestria. E ainda bem que o realizador teve essa presença de espírito e decidiu esperar. Pois com toda a tecnologia existente na actualidade, Cameron transformou ?Avatar? num autêntico portento cinematográfico, digno apenas dos mais rasgados elogios.
Com praticamente toda a sua acção narrativa passada no distante planeta de Pandora, ?Avatar? coloca o espectador na pele de Jake Sully (Worthington), um fuzileiro paraplégico do exército americano. Recusando assumir o papel de um deficiente debilitadamente inútil, Jake aceita rumar a Pandora pois vê nessa missão uma oportunidade de voltar a usar a totalidade dos seus membros e encontrar um significado para a sua existência. Ainda que seja no interior de um receptáculo humanóide designado de Avatar, controlado à distância pelos seus pensamentos e emoções. Após se habituar ao azulado corpo alienígena, Jake vê o coronel Quaritch (Lang) atribuir-lhe uma delicada missão: Jake deverá infiltrar-se discretamente no seio dos Na?vi (a resistente e lutadora população indígena de Pandora) com o objectivo de reportar todos os seus segredos e tácticas de batalha. Pois os fuzileiros desejam a todo o custo limpar o sebo aos Na?vi para extrair o valioso mineral que flui no subsolo do seu nicho. De inicío, Jake não vê qualquer problema nisso, mas é quando conhece Neytiri (Saldana) que as emoções fluem e tornam tudo muito mais complicado.
Todos aqueles que pensam que ?Avatar? se resume a um espectáculo de efeitos especiais lançados ao desbarato e sem qualquer consideração pela narrativa e profundidade das personagens subjacentes, podem desde já mudar de ideias. É certo que a componente visual comporta sempre um grande nível de importância nos filmes de Cameron. Assim os mais desatentos poderão confundir James Cameron com Michael Bay. Mas estes dois realizadores são imensamente diferentes. Pois enquanto Bay pretende apenas entreter o espectador com milhares de explosões que destroem qualquer equilíbrio dramático (veja-se o recente exemplo do sofrível ?Transformers: Revenge of the Fallen?), Cameron usa esses efeitos especiais para envolver ainda mais o espectador numa complexa e equilibrada cadeia de acontecimentos narrativos. É por isso que ele é um mágico do cinema; pela sua paixão por mais e melhores tecnologias e uma louvável teimosia em inovar e revolucionar a Sétima Arte. Tudo sem descartar a importância de uma história bem contada e da construção de personagens dramaticamente profundas e credíveis.
Para além de visualmente opulento e fascinante (ainda para mais com um fabuloso 3D), ?Avatar? tem o dom de cativar e emocionar o espectador de uma forma louvável. As personagens apresentadas, apesar de uma ou duas caírem num estereótipo algo desnecessário e forçado, são fortes e convincentes. Desta vez (após a desilusão de ?Terminator: Salvation?), Sam Worthington cumpre o seu papel com eficácia e contribui de forma indelével para uma maior envolvência do espectador com a história e com a dor das emoções que sobressaem da face de qualquer humano ou Na?vi. Zoe Saldana está também brilhante na interpretação da nativa Neytiri, que serve como professora de Jake e lhe ensina todos os valores e morais que os humanos parecem ter esquecido. Quanto ao argumento de Cameron, apenas uma palavra: espantoso. A criatividade deste realizador não tem limites e consegue aqui construir uma história detentora de fortes e pertinentes questões ambientalistas (assunto tão em voga na actualidade), para além de retratar na perfeição a arrogância, ignorância e brutalidade do ser humano. Em última análise, ?Avatar? conta-nos a história de uma guerra milenar. Uma eterna guerra das máquinas de aço contra a verde pureza da Natureza. Uma Natureza que os humanos cada vez mais desprezam e destroem. E talvez daí a escolha de ?Pandora? como nome do planeta. Talvez uma alusão à caixa proibida de Pandora, que detém poderes inimagináveis para qualquer Homem e que, por mais avisado que esteja, qualquer Homem a tenta abrir e alcançar, não resistindo ao poder da sua feroz ganância.
?Avatar? está perto de ser um filme perfeito. Infelizmente não o é e apenas por meros detalhes que prejudicam a profundidade da narrativa. Talvez fosse necessário perder mais algum tempo no aprofundar da personagem de Jake, que parece cair em Pandora sem qualquer passado relevante. Talvez fossem de evitar os tais estereótipos presos a algumas personagens. Porém, percebem-se as limitações temporais de um filme que tem quase 3 horas de duração e tem de optar por cortar algumas cenas quiçá importantes. Ainda assim, ?Avatar? não tem grandes defeitos e assume-se como um dos grandes acontecimentos cinematográficos do ano, ou mesmo da década. Numa palavra: deslumbrante!
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
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