Com Chris Evans, Scarlett Johansson, Aaron Taylor-Johnson, Robert Downey Jr.
Tal como o seu popular antecessor e todos os blockbusters produzidos sob a égide da parceria entre a Marvel Pictures e a Walt Disney, "Avengers: Age of Ultron" é mais um explosivo espetáculo de sequências de ação e efeitos especiais de nível técnico surpreendente que, em conjunto, fazem as delícias de qualquer apreciador deste género de mega produções visualmente apetecíveis, mas também dos seguidores habituais das jornadas cheias de ação, sejam coletivas ou individuais, dos populares heróis Homem de Ferro, Hulk, Capitão América e Thor. O grande problema de "Avengers: Age of Ultron" é exatamente igual ao que se pode apontar a todas as outras obras da saga, ou seja, um enredo pequeno em qualidade e pobremente aprimorado que não acompanha o apelo técnico e comercial desta produção que, lá está, cumpre exatamente aquilo que promete mas não passa disso porque não surpreende em nada.
Um ponto a favor desta mega produção é o facto de manter o positivo valor comercial de "The Avengers" (2012), não apresentando por isso um repreensível decréscimo de qualidade, como aconteceu por exemplo com o fraquinho terceiro filme da saga paralela do Homem de Ferro e até, em menor escala, com as sequelas dos filmes de Thor e do Capitão América. No fundo, "Avengers: Age of Ultron" mantém praticamente o mesmo nível de entretenimento do seu imponente antecessor ou então do igualmente explosivo "Guardians of the Galaxy" (2014), sendo certo desde já que entre as sagas "The Avengers" e "The Guardians of the Galaxy" existem e existirão sempre algumas diferenças importantes em vários aspetos importantes, como os parâmetros de humor e excentricidade que resultam de ambas as produções que, verdade seja dita, deverão unir-se em breve nos cinemas. Mas voltando a "Avengers: Age of Ultron". Esta obra apresenta, como já referi, uma trama algo desorganizada, confusa e previsível que não aposta num desenvolvimento que privilegie um valor intelectual, tenso ou emocional que poderia até valorizar sem grandes maneirismos a intriga de conspirações, traições e guerras que reina neste universo que, importa dizê-lo, consegue ser fisicamente explosivo mas dramaticamente impotente. Esta falha, que já é quase uma infeliz imagem de marca dos filmes produzidos em parceria pela Marvel Pictures e pela Walt Disney, não abona nada em favor desta mega produção, nem ajuda a antever um futuro diferente para a saga ou para qualquer obra paralela, mas compreende-se que assim seja, porque a Marvel sempre preferiu e sempre preferirá valorizar o espetáculo visual em detrimento do resto.
O que "Avengers: Age of Ultron" faz é continuar a intriga iniciada por "Captain America: Winter Soldier", intriga essa que passa pela incompreensível perversão e corrupção das forças de segurança e paz do Planeta Terra. A trama deste blockbuster junta, uma vez mais, a super equipa Os Vingadores numa demanda pela paz que é algo diferente da sua primeira aventura em conjunto, porque desta vez têm que enfrentar, na mesma com algumas animosidades internas pelo meio, uma ameaça interna que assume a forma de Ultron, um vilão cibernético que foi criado pela ambição de Tony Stark e que vem acrescentar mais um capítulo importante à saga da Guerra Civil, saga essa que será continuada por "Captain América: Civil War" e que, em principio, começará por colocar um ponto final à presente geração dos Vingadores tal e qual como a vimos neste filme, cuja trama é, repito, bastante confusa e cheia de lapsos de lógica, contexto ou suspense. Embora apresente uma intriga com um desenvolvimento deficitário e sem a tensão necessária, não se pode dizer que seja difícil de compreender os simples objetivos da história e dos seus intervenientes, mas no conjunto, não só desta obra particular mas de todo o franchise, ficamos sempre com a ideia que toda a intriga poderia ser mais interessante, complexa e intensa do que aquilo que acaba por ser. É certo que o entretenimento está presente, mas a magnitude narrativa desta e de outras produções da mesma família poderia ser muito superior e de maior qualidade se, lá está, os responsáveis por estes tipo de guiões demonstrassem num maior zelo e cuidado pelo desenvolvimento e contexto narrativo.
Em oposição a um guião uma vez mais desleixado está uma componente técnica de qualidade, que como já era de esperar apresenta um nível de entretenimento elevado e visualmente apurado. Ao longo de mais de duas horas, "Avengers: Age of Ultron" oferece ao público sequências de ação para todos os gostos que, embora sigam a mesma fórmula, cumprem aquilo que se espera delas, ou seja, doses industrias de explosões, ação, pancadaria e uma espécie de entretenimento positivo que se enquadra sempre dentro de parâmetros seguros para um ambiente quase familiar, já que nada nesta obra apoia-se em violência desmedida ou ação descontrolada. Também o elenco desta obra mantém o valor de filmes anteriores. Estrelas já habituais como Chris Evans, Scarlett Johansson ou Robert Downey Jr. mantêm o valor das suas prestações em filmes anteriores, já novatos como Aaron Taylor-Johnson ou Elizabeth Olsen também apresentam um bom nível, apesar das suas respetivas personagens serem um bocado estranhas e de não serem propriamente bem introduzidas por um filme que, uma vez mais reforço, denota fortes debilidades narrativas que inviabilizam um maior impacto junto do público. Embora o seu popular elenco apresente, na sua generalidade, uma prestação positiva, para mim a principal estrela desta obra acaba mesmo por ser o seu vilão cibernético, Ultron. Esta personagem é bastante caricata e embora a pobre construção do enredo tenha impedido um maior impacto maléfico e carismático, Ultron sobressai, mesmo assim, como um grande vilão com elevada garra que supera facilmente qualquer outro vilão desta ou de outra saga relacionada com Os Vingadores, sendo por isso uma das melhores novidades desta mega produção que, num plano geral e em jeito de conclusão, consegue entreter mas apenas e só por causa do seu impacto técnico.
Classificação - 3 Estrelas em 5