Crítica - Brick Mansions (2014)

Realizado por Camille Delamarre 

Com Paul Walker, RZA, David Belle

Há quem diga que "Brick Mansions" é um péssimo remake do original francês "District 13" (2004), mas sobre este tópico não me posso pronunciar, já que nunca vi o filme de ação dirigido por Pierre Morel, no entanto, posso dizer desde já que esta produção norte-americana realizada por Camille Delamarre está bem longe de ser um grande filme de ação, aliás é mesmo um daqueles pobres filmes de ação com aquele estranho potencial negativo para ser lançado diretamente no mercado de vídeo, porque há excepção de um ou outra atrativo, "Brick Mansions" é mesmo um daqueles filmes para esquecer. E que atrativos são esses? O principal é obviamente a performance do falecido Paul Walker, já que "Brick Mansions" ficará para a história como a sua última longa metragem completa. É mais por este ponto que a prestação de Walker destaca-se como um ponto de interesse, porque de um ponto de vista meramente objetivo, esta sua performance não foge muito da banalidade, apesar de ser, de longe, a mais completa de todo o filme, cujo restante elenco é simplesmente medíocre, incluindo o fisicamente capaz David Belle que, infelizmente, não parece saber fazer mais nada para além de acrobacias. O seu outro grande atrativo restringe-se a algumas sequências de ação e adrenalina que misturam lutas, perseguições e tiroteios com o espírito do parkour, uma espécie de desporto radical urbano que consiste numa espécie de corta mato citadino que puxa pelo lado acrobático dos praticantes. É neste ponto que Belle destaca-se como uma mais valia, já que é mundialmente considerado um dos melhores praticantes desta espécie de desporto radica, sendo inclusivamente um dos seus fundadores. É por isso que a sua presença em "Brick Mansions" é importante, mas apenas de um ponto de vista físico, já que nos outros parâmetros, Belle pouco acrescenta ao cômputo geral do filme, e suponho que o mesmo aconteça no original francês, que também é protagonizado por ele.

É óbvio que estes dois pequenos elementos positivos não são de todo suficientes para transformar "Brick Mansions" em algo que valha muito a pena ver, nem sequer são suficientes para ancorar uma onda de publicidade positiva à sua volta, já que pecam muito em comparação com o poder negativo de uma péssima realização por parte de Camille Delamarre, que é a todos os níveis um desastre de opções técnicas e criativas que conduzem a um resultado pouco apelativo do ponto de vista visual, algo extremamente danoso para um filme deste género, onde o impacto visual conta muito mais que um argumento com sentido, algo que "Brick Mansions" também não tem. E este é outro ponto menos bom desta obra, cuja fraquinha trama pseudo futurista foca-se apenas e só numa missão sem glória ou suspense de um polícia e de um ex-presidiário que, contra todas as expetativas mas a bem de todos os estereótipos, unem esforços para travar os planos de um vilão puramente desastroso, que arquiteta um plano surreal e sinistro para destruir toda a cidade distópica de Detroit, sem ter para tal uma grande motivação ou sentido. É basicamente isto que pode esperar de quase uma hora e meia de um filme de ação pouco dado ao entretenimento e que se destaca, desde já, como uma das produções mais fracas dos últimos anos do já famoso produtor francês Luc Besson.