Tal como se esperava, "Insurgent" não melhora em nada a imagem já muito estereotipada e juvenil da série cinematográfica "Divergent" porque, tal como o primeiro filme, surge no panorama cinematográfico como um projeto descaradamente juvenil que tecnicamente até esta bem conseguido mas que em todos os outros aspetos apresenta múltiplas lacunas e um desnível geral de qualidade e abrangência. Neste sentido e tal como "Divergent" (2013), "Insurgent" destaca-se apenas e só como um filme juvenil de elevadas dimensões comerciais que até puxa pelo entretenimento e curiosidade do seu público alvo, mas para quem está à margem do popular fenómeno "Divergent" e de todo o êxtase juvenil, "Insurgent" nunca será mais que um filme de aventura com bom aspeto técnico mas que, simplesmente, não cativa nem entusiasma com um guião maioritariamente genérico e previsível com muitas falhas pelo meio que é interpretado, na sua maioria, por jovens atores com potencial mas ainda sem aquelas características profissionais e pessoais merentórias de atores de qualidade, como Kate Winslet, Octavia Spencer ou Naomi Watts, as únicas profissionais do elenco com classe já comprovada mas que muito raramente aparecem em cena, sobretudo Winslet que volta a ser uma decepção como vilã por culpa apenas e só da péssima construção da sua personagem.
A história de "Insurgent" volta a seguir as peripécias de Trish, uma jovem Divergente numa cultura futurista dividida em Facções que, após os eventos trágicos do primeiro filme, tem que arcar com as consequências das suas opções. Ao mesmo tempo que enfrenta os seus dilemas psicológicos, Trish regressa a Chicago com o seu namorado Four com o objetivo de derrubar o poder dos Eruditos e implementar a igualdade numa sociedade dividida que começa agora a perseguir os Divergentes. Tal como "Divergent", "Insurgent" segue uma linha narrativa que oscila entre a ação deslavada e o melodrama barato, existindo pelo meio uma ou outra pausa para o romance genérico, mas o que é certo é que, no conjunto, o guião de "Insurgent" é bastante mediano e nada interessante ou intenso. Uma boa parte da trama foca-se portanto nas lutas e dilemas internos de Trish, a jovem guerreira com coração de manteiga que tem que lidar com os seus problemas pessoais ao mesmo tempo que trava uma guerra bem fisica contra a sua rival Jeanine Matthews (Kate Winslet), a líder dos Eruditos, a fação agora no comando de Chicago após a derrota da Abnegação e da queda Destemidos. A abordagem destes seus dilemas pouco deve à originalidade e torna-se mesmo num verdadeiro suplicio melodramático que se arrasta ao longo de quase duas horas e culmina num final já esperado e nada surpreendente que segue ao pormenor as velhas mensagens de esperança e de crença pessoal que, por norma, dominam filmes infantis mas que aqui são aplicadas a um panorama mais juvenil. Esta abordagem melodramática a puxar em demasia à compaixão é profundamente aborrecida e extremamente oca ao nível de carisma, interesse humano, emoção e até vivacidade. É um espetáculo de emoções genérico e cheio de estereótipos que, para além de previsível, é pessimamente desenvolvido porque nada da jornada emocional de Trish consegue ir além de uma mescla de questões pessoais banais que redundam em dilemas perfeitamente esperados e nada empolgantes. O mesmo se passa com as suas sequências de ação que são genéricas e nada empolgantes, sendo apenas de destacar a vertente técnica que as rodeia e que acaba por salvar o filme de uma desgraça maior. A ver vamos como correm as duas partes de "Allegiant", a última entrega cinematográfica da saga "Divergent" que deverá seguir o mesmo rumo de "Divergent" e "Insurgent", ou seja, um rumo juvenil inesperadamente mediano com alguns elementos técnicos de qualidade mas com um argumento muito fraquinho.
Classificação - 2 Estrelas em 5