Crítica - Jack Ryan: Shadow Recruit (2014)
Cinema

Crítica - Jack Ryan: Shadow Recruit (2014)


Realizado por Kenneth Branagh 
Com Chris Pine, Keira Knightley, Kevin Costner 

O regresso do famoso agente especial Jack Ryan às salas de cinema aconteceu, infelizmente, uns meses após a morte do seu criador Tom Clancy, que faleceu em Outubro de 2013 vítima de doença prolongada. Ao longo da sua carreira literária, Clancy escreveu dezasseis policiais protagonizados por Jack Ryan, sendo que quatro deles - "The Hunt for Red October", "Patriot Games", "Clear and Present Danger" e "The Sum of All Fears" - deram origem a quatro adaptações cinematográficas que tiveram, respetivamente, Alec Baldwin, Harrison Ford (2) e Ben Affleck no papel do protagonista. É neste ponto que convém explicar que, desde o bem competente e mundialmente consagrado "The Hunt for Red October" (1990) até ao já mediano e pouco atrativo "The Sum of All Fears" (2001), a saga cinematográfica "Jack Ryan" foi perdendo vigor e qualidade, até que agora, com "Jack Ryan: Shadow Recruit", atingiu finalmente o seu ponto mais baixo e fraco. Este decréscimo cronológico de qualidade nada tem a ver com o potencial dos livros, mas sim com o valor das respetivas versões cinematográficas, cujas intrigas foram perdendo suspense e imaginação com o passar dos anos mas, pelo menos, os últimos produtos do franchise ainda tiveram algum interesse, algo que não encontramos nesta nova aventura de Jack Ryan que, pela primeira vez, não tem como base nenhum livro concreto da autoria de Tom Clancy, apenas uma ideia base. Uma parte do problema deste novo produto reside precisamente aqui, já que o toque de Clancy não é visível nem viável, ao passo que nos filmes anteriores, por muito apagado que estivesse, sempre estava omnipresente, mas nesta nova entrega isso não se nota, alias esta nova versão não tem muito que a identifique com a saga literária ou cinematográfica, exceptuando como é óbvio o nome do protagonista, que é manifestamente insuficiente para incarnar o espírito de Tom Clancy.


A esta preocupante falta de identidade, juntam-se ainda outros defeitos graves que tornam esta entrega num péssimo reboot de um franchise que já vinha a perder qualidades mas que, agora, está muito pior e bem perto dos dias mais negros dos piores capítulos da saga "James Bond", como por exemplo os últimos filmes da era Pierce Brosnan, que até acabam por ter mais valor que este filme. O que importa mesmo referir, sem margem de manobra, é que esta nova entrega da saga "Jack Ryan" pode mesmo ser considerada um dos piores filmes de espionagem dos últimos anos, já que é um autêntico atentado à ação, emoção e astucia de qualquer intriga do género. No papel de Ryan temos, desta vez, o jovem Chris Pine, que surpreende pela negativa com a sua performance sem brilho na pele de uma versão jovem do famoso agente secreto que, neste reboot, trabalha para a CIA em Wall Street como Investigador Financeiro, para assim investigar o terrorismo financeiro a nível global. É no decurso do seu trabalho que Ryan descobre que um grave acontecimento preparado pela Rússia está prestes a ameaça a economia americana, algo que leva Jack a partir na sua primeira grande aventura, que o levará até Moscovo para confrontar Viktor Cherevin, um empresário russo que se encontra por detrás de todo o plano que, para além de um crash financeiro, envolve também um plano terrorista. 
Esta missão de Jack Ryan não tem estrutura, nem tem emoção ou ação. É um tédio do inicio ao fim. É incrível, mas não parece haver nenhuma lógica nos planos dos heróis ou dos vilões, como também não há nenhum suspense ao longo do desenrolar de uma trama que até nas sequências de ação é fraco e aborrecido. A juntar a isto, "Jack Ryan: Shadow Recruit" tem sequências ridículas de camaradagem entre Ryan e Thomas Harper (Kevin Costner), o seu mentor, bem como alguns confrontos cerebrais sem vigor com o vilão Viktor Cherevin (o também realizador Kenneth Branagh), mas tudo isto peca em comparação com os desastrosos segmentos românticos que juntam Ryan e a sua noiva Cathy Muller numa série de peripécias ilógicas e discussões patéticas que só deprimem e apoquentam ainda mais o espetador, especialmente tendo em conta que ambos são interpretados por dois astros que aqui são um verdadeiro desastre em tudo que fazem: Chris Pine e Keria Knightley. Se puder, por tudo o que é mais sagrado, afaste-se de "Jack Ryan: Shadow Recruit". 

  Classificação - 1 Estrela em 5



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