Baseado no homónimo livro de Peter R. de Vries, "Kidnapping Mr. Heineken" funciona também como um remake norte-americano do homónimo filme holandês de 2011. Os dois são portanto uma adaptação cinematográfica do livro já referido que, por sua vez, explora os eventos de um curioso caso criminal que ocorreu em 1983 na Holanda. Tal caso teve como protagonistas um pequeno grupo de criminosos sem grande experiência que, com olhos apenas no dinheiro, decidiram raptar Freddy Heineken, um dos homens mais ricos do mundo e o herdeiro do império da cerveja Heineken. Esta versão americana conta com o experiente e consagrado Anthony Hopkins no papel de Freddy Heineken e a sua performance é, sem qualquer dúvida, um dos principais se não o principal atrativo desta produção que, infelizmente, desperdiça quase por completo uma grande história verídica numa intriga semi tensa sem muito valor ao nível do ritmo e curiosidade.
Embora seja considerado um thriller criminal, "Kidnapping Mr. Heineken" quase não explora a dinâmica policial do evento, preferindo focar-se na relação entre os criminosos e entre estes e a vítima do sequestro. O problema é que tais relações humanas que deveriam puxar muito às emoções e mentalidades das personagens são muito frágeis e, por isso mesmo, exploradas sem o esperado apelo dramático ou tenso que deveria rodear a situação em questão, ou seja, tais relações supostamente carregadas de cargas pesadas de tensão e drama não passam para o público aquela dinâmica de medo e dilema que se esperava em qualquer vertente, seja do lado dos criminosos, seja do lado da vítima que, já agora, acaba por ser uma personagem bem trabalhada por Hopkins mas sem aquele apelo humano e dramático que seria de esperar, mesmo acreditando que o já falecido Freddy Heineken tinha aquela postura durona. A parte criminal do filme é, portanto, praticamente inexistente e isenta de aspetos muito originais. A sua parte dramática e humana já é um pouco mais proeminente, até porque representa o epicentro narrativo do filme, mas mesmo assim aparece-nos, como já referi, mal desenvolvida e não tão bem trabalhada como seria de esperar.
Mesmo assim, "Kidnapping Mr. Heineken" não é um mau filme e tem um certo valor. É claro que fica muito aquém das expetativas, mas apresenta mais uma excelente performance de Hopkins que, sem grande dificuldade, supera os trabalhos dos seus colegas de elenco, como Jim Sturgess, Sam Worthington ou Ryan Kwanten que estão bem mas não deslumbram nos seus respetivos papéis. É pena, mas a versão cinematográfica holandesa desta história também não me parece ser muito melhor, pelo menos a julgar apenas e só pela opinião da crítica especializada europeia, já que nunca vi esse filme original, apenas este remake que, repito, não faz justiça à história real que está na sua base.
Classificação - 2 Estrelas em 5