Cinema
Crítica - Lolo (2015)
Realizado por Julie Delpy
Com Julie Delpy, Danny Boon, Vicent Lacoste
A maior parte dos espectadores conhecerá Julie Delpy pela sua carreira como atriz, provavelmente até pela sua conhecida performance na trilogia romântica "Before", mas Delpy também já deu cartas na direção cinematográfica com obras muito competentes, como "2 Days in New York" (2012) ou "2 Days in Paris" (2007), onde também desempenhou um dos papéis principais. O seu novo esforço criativo como diretora é este "Lolo", uma comédia romântica e familiar que, pese embora certos rasgos de comédia simplista, não tem o mesmo peso nem a qualidade dos seus projetos passados.
Estamos portanto perante um produto simpático mas esquisito que escapa um pouco ao estilo típico das comédias francesas, aproximando-se mais de um estilo mais comercial que se assemelha ao das comédias americanas. Não tenho qualquer dúvida que Delpy não queria isto já que se nota que tentou apimentar "Lolo" e, com isso, tentou também escapar às ideias clichés de Hollywood. O problema é que nesta sua nobre tentativa acabou por desvirtuar o objetivo cómico do filme ao incutir-lhe uma pitada de extravagância humana que acaba por torná-lo num produto estranho.
Este rasgo de desconforto prende-se então com a interpelação incapaz que é feita relativamente à relação psicótica que une Violette (Julie Delpy) e o seu filho Lolo (Vincent Lacoste). A ideia por detrás de um filho com um claro complexo de édipo, que faz de tudo para sabotar a nova relação da sua mãe com o seu novo namorado, não é propriamente nova. Este tema já foi por diversas vezes abordado em Hollywood sob diferentes formas e feitios, mas ainda assim não se pode negar o seu potencial para a comédia para qualquer estilo. O problema é que em Lolo" este temática escapa à obetividade cómica e entra por caminhos que nunca são devidamente potencializados ou sequer aprofundados.
Não se quer com isto dizer que "Lolo" não tenha piada, porque a espaços há sequências básicas que podem entreter quem aprecie o seu tipo de humor. O que preocupa e acaba por prejudicar "Lolo" é a sua completa ausência de aprofundamento e a sua incapacidade para estabelecer uma relação com o espectador. A sua história não comove, interessa ou diverte. E assim torna-se num filme inócuo e banal que, para roubar risos ao espectador, recorre a previsíveis sequências simples de humor fácil e sem qualquer toque de requinte. É assim curioso constatar que, na sua ânsia de escapar aos clichés e criar um produto diferente, Delpy acabou por não ter sucesso em nenhum destes parâmetros. Isto porque "Lolo" recorre sempre a piadas pré-fabricadas e estereotipadas, mas sobretudo porque não se aproxima sequer de qualquer pingo de originalidade, profundidade ou real extravagância humana e dramática que Delpy parecia ter idealizado
Classificação - 2 Estrelas em 5
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