Se pretende ver "Maggie" e pensa que se trata de um puro filme de zombies com componentes de terror, suspense e ação então está completamente enganado, porque embora aproveite a temática zombie para tentar apimentar a sua história, "Maggie" é um puro drama familiar preso à paternidade e com certas tendências apocalípticas mas, claro está, sem qualquer elemento puro de terror ou ação, assim sendo, este projeto de Henry Hobson aproxima-se mais de um drama paternal como "La Vitta é Bella" (1997) do que propriamente de um puro filme de zombies como "Dawn of The Dead" (1978). É evidente que "Maggie" está a léguas de distância da qualidade apresentada por estes dois nobres exemplos cinematográficos, servindo a comparação supra citada apenas e só para o integrar num subgénero cinematográfico e demonstrar o tipo de filme que é para evitar conceções completamente erradas.
O filme propriamente dito é bastante ameno e mediano. A maior parte do tempo, "Maggie" é um filme inexplicavelmente aborrecido que explora sem grande ritmo a desesperada luta que um pai extremoso (Arnold Schwarzenegger) trava para ajudar a sua filha (Abigail Breslin) a sobreviver após esta ter sido infetada por um vírus fatal e sem cura que, aos poucos, transforma as suas vítimas numa espécie de zombie. Em primeiro lugar há que dar os parabéns a Arnold Schwarzenegger por ter aqui uma das performances mais surpreendentes e impressionantes da sua já longa carreira. O conhecido ator de mega produções de ação como "The Terminator" (1984) ou "Total Recall" (1990) aparece aqui num registo completamente diferente que raramente faz o seu género, mas neste caso particular a sua personalidade fechada e relativamente seca enquadra-se na perfeição na personagem que interpreta, conseguindo assim incutir uma dimensão extra de significado e compaixão à componente central desta obra que, no fundo, mais não é que um drama paternal sobre o ponto mais dramático de uma relação entre um pai desajustado mas profundamente dedicado e uma filha jovem com tendências rebeldes e autodestrutivas que está prestes a morrer. A junção desta problemática relação familiar com o cenário apocalíptico que a rodeia tinha, no papel, muito potencial para arrebatar todo o tipo de reações e emoções, mas o resultado que Hobson nos apresenta é demasiado tímido e lento.
A maior crítica que se pode apontar a "Maggie" é que é um filme aborrecido do início ao fim. Não existe no seu epicentro qualquer elemento de suspense ou apreensão, mas ?Maggie? apresenta também muitas outras carências em múltiplos elementos centrais, especialmente no que toca à abordagem dramática da questão familiar que está no epicentro do filme e que acaba por ser vítima de uma construção narrativa demasiado insípida e sem aquele ímpeto existencial e melodramático que seria de esperar de uma história que leva um pai a enfrentar a morte iminente da sua filha de uma forma bastante dura. O filme também faz questão de explorar a evolução da doença que afeta a filha, mas tal retrato peca também na questão dramática e na capacidade para surpreender, chocar ou empolgar o espectador, já que não existe nenhum momento nesta transformação que seja propriamente impactante e mesmo as suas sequências supostamente mais poderosas são bastante agridoces no que toca à tensão e à emoção. Só podemos portanto chegar à simples conclusão que "Maggie" poderia ter sido um drama com um maior impacto dramático e até apostar sem qualquer medo no suspense e até no terror apocalíptico, mas no final acaba por sobressair apenas como uma obra de cariz familiar, cujas potencialidades da trama são completamente sobreposta por um sentimento irritante de tédio e uma débil construção emocional que o tornam num filme que apenas será lembrado por ser aquele pseudo filme de zombies onde Arnold Schwarzenegger aparece num registo mais dramático e com uma postura surpreendente positiva.