Cinema
Crítica - Moon (2009)
Realizado por Duncan Jones
Com Sam Rockwell, Kevin Spacey, Dominique McElligott
Filme de estreia de filho de um dos nomes maiores da música pop, David Bowie. Duncan Jones estreia-se com um filme que nos deixa expectantes quanto ao futuro deste senhor. E são várias as analogias a "2001 A Space Odissey" de Kubrick e a "Solyaris" de Tarkovsky. "Moon" é para já uma das grandes surpresas deste ano que finda daqui a pouco tempo. De facto, poucos são aqueles que conseguem ter uma estreia ao nível de "Moon", arriscaria dizer que os que o conseguem tornam-se geralmente em grandes génios do cinema.
Mas falando no filme propriamente dito, "Moon" reserva-nos algo a que não estamos habituados no mundo do cinema de ficção científica. Reserva-nos sobretudo uma moralidade e uma reflexão a essa moralidade. Jones mostra claramente a influência
?Tarkovskyana?, eu diria até mais do que a
?Kubrickiana?. Exemplo perfeito do que falo (referindo-me às visões de Sam) ocorre antes deste se queimar com o café e novamente antes de ter o acidente, criando notoriamente alusões à obra de Tarkovsky. O paralelo entre "Moon" e "Solyaris" estende-se ao ambiente criado por Jones que o prolonga até a um claro processo de união entre "Solyaris" e "2001". Desde logo somos presenteados com a audácia do britânico em se apoiar em duas das obras máximas da ficção científica. E desde logo também percebemos que não se trata de um simples filme do género. Á partida, somos confrontados com o término duma estadia dum período de 3 anos de Sam numa estação lunar. O desenvolvimento do início do filme remete-nos à rotina diária do único ocupante daquela estação. E é nesta fase inicial de "Moon" que o estreante cineasta se movimenta com mais clarividência em terrenos
?Tarkovskyanos? e
?Kubrickianos?. Não só explora desde logo esses delírios ou alucinações de Sam, como também nos remete a todo um ambiente e ritmo narrativo semelhante às duas obras que refiro.
Depois, Duncan Jones cria um filme sensível. Salvo raras excepções onde Sam e Sam se confrontam face ao choque da realidade, o cineasta reflecte sobretudo na amizade, na compaixão e num código moralista resultante dessa realidade que surpreende Sam e Sam. Talvez o mundo não evolua face a uma realidade que Jones prevê em "Moon", mas é interessante ver as possíveis consequências resultantes de tal evolução. Não vou revelar aquilo que pauta a narração da história em respeito àqueles que ainda não viram. Portanto, em suma, "Moon" revela-se um extraordinário trabalho de estreia do cineasta britânico filho de Bowie em que toda a filosofia cinematográfica dos mestres em cima citados está exposta e explorada competentemente. Longe da perfeição de "2001" e de "Solyaris" mas, no entanto, muito bom filme que nos brinda também com uma magnífica interpretação de Sam Rockwell e com uma banda sonora portentosa de Clint Mansell.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
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