Crítica - Now You See Me (2013)

"Now You See Me? é, acima de tudo, um filme muito divertido. É também um filme bastante inteligente, detentor de um enredo sólido e surpreendente. Mas tem como objetivo máximo entreter o espectador numa base de espetáculo que não deve ser levado demasiado a sério. Louis Leterrier não será, porventura, o realizador mais consistente de todos os tempos, pois conta já com alguns projetos no currículo que não foram muito bem aceites pela crítica e até pelo próprio público. Será, no entanto, um dos cineastas europeus com mais futuro no seio de Hollywood, já que a sua forma de fazer cinema se enquadra no espírito leve e pouco pedante que paira sobre a máquina cinematográfica hollywoodesca. ?Now You See Me? leva-nos a conhecer quatro talentosos ilusionistas que se juntam a convite de um patrono desconhecido para formarem a quadrilha que dá pelo nome de ?Os Quatro Cavaleiros?. Saídos das ruas, Daniel (Jesse Eisenberg), Merritt (Woody Harrelson), Henley (Isla Fisher) e Jack (Dave Franco) organizam um conjunto de espetáculos de magia que envolvem sacar dinheiro aos ricos para dar um pouco de poder económico aos pobres. De certa forma, assumem-se como um Robin dos Bosques dos tempos modernos, o que deixa as audiências no limiar da loucura? e o que deixa a equipa do FBI liderada pelo detetive Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) à beira de um ataque de nervos.

A espaços, ?Now You See Me? consegue ser verdadeiramente mágico e hipnotizador. A intensidade do enredo mantém-se em alta durante toda a película, a câmara de Leterrier voa sobre os protagonistas com uma suavidade contagiante, os volte-faces são mais que muitos e funcionam quase todos na perfeição, e os ilusionismos perpetrados pelo quarteto de mágicos de rua são suficientemente dinâmicos e criativos para deixarem a audiência a salivar por mais e melhor. Sem sombra de dúvida, este é um heist-movie com magia à mistura, uma combinação invulgar que funciona às mil maravilhas, quase como um ?Ocean?s Eleven? com truques de magia. Infelizmente, nem tudo são rosas, pois alguns twists tornam-se previsíveis ao fim de algum tempo e os espetáculos de ilusionismo tendem a cair um pouco no exagero (embora sejam um dos pontos fortes do filme). Os atores encaixam que nem uma luva nas respetivas personagens (o que nem sempre acontece neste tipo de películas) e lendas do cinema como Michael Caine e Morgan Freeman trazem consigo um charme e uma elegância que colocam a fita de Leterrier num outro nível de qualidade. Por outro lado, a relação entre as personagens de Mark Ruffalo e Mélanie Laurent não consegue convencer-nos da sua veracidade, já que é demasiado forçada e artificial (para além de não parecer existir muita química entre os dois atores). No geral, ?Now You See Me? deixa ficar uma imagem agradável, assumindo-se como uma das obras mais divertidas, originais e surpreendentes do ano até ao momento. Porém, nem por isso fica desde já na lista dos melhores filmes de 2013, pois há qualquer coisa que lhe falta para se tornar um filme para todos os públicos. Ah, e ficamos sem perceber exatamente o que aconteceu aos Quatro Cavaleiros na sequência final do carrossel? 

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