Crítica - Shutter Island (2010)
Cinema

Crítica - Shutter Island (2010)


Realizado por Martin Scorsese
Com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Emily Mortimer

Os principais trabalhos de Martin Scorsese são simplesmente magníficos, porque nos apresentam uma enorme variedade de elementos de qualidade que agradam à esmagadora maioria dos espectadores e ?Shutter Island? consegue se introduzir na perfeição nesse magnífico conjunto de trabalhos, porque também se assume como uma excelente produção que nos oferece uma cativante e imprevisível história que é protagonizada por um talentoso e luxuoso elenco e dirigida por um icónico cineasta que raramente nos desilude. Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e Chuck Aule (Mark Ruffalo) são enviados para o Hospital Psiquiátrico Ashecliffe na Ilha de Shutter, uma conhecida instituição psiquiátrica onde estão internados os mais perversos criminosos do país, com o intuito de investigar o misterioso desaparecimento de Rachel Solando, uma instável e perigosa assassina que conseguiu escapar desta instituição psiquiátrica sem deixar qualquer espécie de vestígio, excepção feita para uma pequena mensagem indecifrável. Os diversos funcionários do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe não parecem empenhados em cooperar com a investigação e, um dos principais entraves aos avanços da mesma, é o Dr. Cawley (Ben Kingsley), um misterioso psiquiatra que é o principal responsável pela aplicação dos tratamentos psicológicos e psiquiátricos que se fazem na instituição. A investigação é ainda mais atrasada com a chegada de um furacão que acaba por isolar os agentes da civilização, uma situação que os deixa rodeados por um ambiente psicótico e pacientes perigosos. À medida que enfrentam dúvidas e desvendam segredos, ambos os agentes percebem que as suas vidas estão em risco e que podem não conseguir sair vivos desta ilha maldita.


O imaginativo argumento de ?Shutter Island? é baseado na homónima produção literária da autoria de Dennis Lehane e, à semelhança desse atractivo produto, consegue nos oferecer uma fantástica história que em nenhum momento se torna cansativa ou aborrecida, muito pelo contrário, mantém os espectadores concentrados e agarrados ao seu imprevisível desenvolvimento que nos apresenta inúmeras surpresas e reviravoltas extremamente acutilantes. O enfoque inicial da história é a exaustiva investigação policial que é conduzida pelos agentes federais sobre o desaparecimento da perigosa condenada e, posteriormente, sobre a continua sucessão de misteriosos acontecimentos na instituição psiquiátrica, no entanto, à medida que nos aproximamos da conclusão, a investigação é praticamente esquecida e a exploração da enigmática história individual do estranho protagonista passa a ser o enfoque principal da narrativa, que também explora as traumáticas consequências que as deturpações psicológicas têm no comportamento de um individuo.


O protagonista é assombrado por um passado traumático que o interliga com a instituição que investiga, assim se explicam as inúmeras hipóteses teóricas que nos apresenta e que nos deixam na dúvida sobre o que é verdade e o que é uma invenção, assim sendo, nunca temos certezas absolutas ou irrefutáveis sobre quem é o vilão ou quem é o herói da historia, porque o próprio interveniente principal não é muito fidedigno porque também nos apresenta um extenso historial de violência. Ao fantástico ambiente de suspeição e de incerteza que é levantado e continuado pelo argumento, ambiente esse que é constantemente alimentado por cativantes reviravoltas e criativas suposições, também se juntam as fantásticas abordagens intelectuais sobre as consequências psicológicos que os traumas têm na estabilidade mental dos indivíduos, uma abordagem que é especialmente efectuada nos últimos momentos de ?Shutter Island?. A dúvida e a paranóia dominam a história desta produção, que nos oferece uma conclusão que é bastante lógica mas que certamente surpreenderá os espectadores.


O trabalho directivo de Martin Scorsese é simplesmente fenomenal. O icónico cineasta exteriorizou na perfeição uma intrigante história sem nunca descurar nas vertentes técnicas, ou seja, Martin Scorsese explorou habilmente o argumento mas sempre se preocupou com os pormenores técnicos que acompanham essa exploração exaustiva da história, como por exemplo, as sequências ilusórias do protagonistas são extremamente significativas e os cenários obscuros e decadentes alimentam e acompanham a incerteza da narrativa e o espírito da instituição. O cineasta também demonstrou uma atenção especial para com a capacidade intelectual do espectador ao não explicitar a história de uma forma concreta e conclusiva, obrigando o espectador a procurar as respostas por ele próprio. Os magníficos elementos fotográficos e as fantásticas sonoridades de ?Shutter Island? também contribuíram para o excelente resultado final. O elenco é qualitativamente liderado pela excelente performance de Leonardo DiCaprio, um actor que se aproxima cada vez mais de um nível de excelência e que raramente nos oferece uma performance medíocre. Em ?Shutter Island?, Leonardo DiCaprio assume o protagonismo sem grandes problemas e oferece à sua complexa personagem todos os elementos que ela necessita para ser convincente. Mark Ruffalo e Ben Kingsley abrilhantam o elenco secundário com excelentes interpretações individuais, mas é o último que arranca os maiores elogios porque tanto nos convence como vilão ou como herói.


O suspense que é criado e desenvolvido em ?Shutter Island? não é passageiro e acompanha a história até ao seu último instante, uma característica que é digna das melhores produções do género porque é precisamente isso que se exige de um thriller. Martin Scorsese voltou a brilhar num género difícil e através de uma narrativa complicada, mas que este talentoso cineasta conseguiu dominar na perfeição. ?Shutter Island? não é perfeito, mas não destoará na espectacular filmografia de Martin Scorsese.


Classificação ? 4 Estrelas Em 5



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