Crítica - The Book of Eli (2010)
Cinema

Crítica - The Book of Eli (2010)


Realizado por Allen Hughes e Albert Hughes
Com Denzel Washington, Gary Oldman, Mila Kunis

As produções apocalípticas regressaram ao seu pináculo comercial em 2009 com ?2012?, um medíocre trabalho de Roland Emmerich que não conseguiu satisfazer a crítica especializada mas que conseguiu fascinar milhões de espectadores em todo o mundo através dos seus aparatosos efeitos especiais. ?The Book of Eli? não nos apresenta uns atributos visuais tão atractivos ou cativantes como os de ?2012? mas consegue oferecer ao espectador uma narrativa um pouco mais consistente e interessante que infelizmente não é suficiente para o transformar num produto apocalíptico de qualidade. Eli (Denzel Washington) é um viajante com um único propósito em mente, proteger um livro sagrado e levá-lo ao seu longínquo destino pois nele reside a esperança de um futuro para humanidade. Na sua travessia por um país transformado em deserto, após uma catástrofe a nível planetário, o caminho desta misteriosa personagem é pautado por inúmeros encontros com todo o género de pessoas que, tal como ele, lutam pela sua vida e a quem lhes apenas resta a sobrevivência a cada dia. Eli é um guerreiro com poderes extraordinários capaz de lutar até com os mais temerários e perigosos criminosos e nada o fará vacilar no seu objectivo.


A introdução de ?The Book of Eli? apresenta uma estrutura muito semelhante à de ?I Am Legend?, ou seja, também nos apresenta um homem solitário que tenta sobreviver às devastadoras consequências de um acontecimento apocalíptico, consequências essas que são perfeitamente transmitidas ao espectador através do ambiente desolador e dos cenários destruídos e desérticos. A cativante e misteriosa premissa de ?The Book of Eli? é muito bem exteriorizada por essa introdução mas esse trabalho não é continuado pelo desenvolvimento que não conseguiu rentabilizar as inúmeras potencialidades criativas da história, muito pelo contrário, desaproveitou a sua originalidade e o seu secretismo ao enveredar por caminhos superficiais que privilegiam a violência em detrimento da qualidade e da racionalidade. O enfoque da história acaba por ser a protecção e a veneração da Bíblia Sagrada, um livro que naquela dimensão apocalíptica é considerado um artefacto porque todas as suas cópias foram queimadas durante um sangrento conflito, assim sendo, esse importante artefacto histórico é guardado religiosamente pelo seu possuidor que sabe que este pequeno compendio de textos religiosos tem a capacidade de reconfortar os sobreviventes mas também representa a esperança na reconstrução da civilização. A importância dos textos bíblicos como instrumento de reconforto psicológico e de aprendizagem progressiva não é adequadamente explorada pelo inconstante argumento que se perde frequentemente nas insignificantes sequências de violência. Os diálogos são bastante confusos e nunca conseguem esclarecer devidamente o espectador sobre as verdadeiras motivações dos intervenientes, assim sendo, também a construção das personagens e a sua ligação com o publico é afectada pela superficialidade do argumento. A conclusão desvenda um pequeno segredo sobre o protagonista, segredo esse que é previsível tendo em conta a sua linguagem corporal ao longo do desenvolvimento da narrativa. ?The Book of Eli? termina com uma mensagem de esperança que sucede a alguns trágicos acontecimentos.


O heróico interveniente da história é interpretado por Denzel Washington, um actor que está habituado a participar em produções que envolvem inúmeros confrontos físicos, no entanto, essas experiências não conseguiram melhorar esta sua performance individual que não é mais do que medíocre. Gary Oldman também não nos convence porque interpreta uma personagem maléfica que é muito pouco credível. ?The Book of Eli? apadrinha o regresso de Allen Hughes e Albert Hughes à sua actividade cinematográfica após o seu último trabalho, ?From Hell? de 2001. Allen Hughes e Albert Hughes conseguiram transformar uma história potencialmente interessante e fascinante numa produção demasiado comercial e previsível que ficou muito àquem das expectativas.


A premissa de ?The Book of Eli? é prometedora mas o seu argumento acaba por não concretizar essas promessas. A sua obsessão pelos violentos confrontos entre as personagens é excessiva e prejudica claramente o desenvolvimento narrativo desta produção que é superior aos últimos grandes produtos do género, como por exemplo, ?2012?, mas que fica bastante distante das suas potencialidades.

Classificação ? 3 Estrelas em 5



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