Crítica - The Girlfriend Experience (2009)

Os trabalhos de Steven Soderbergh ou são sucessos críticos e/ou comerciais como ?Erin Brockovich? (2000), ?Traffic? (2000) e ?Ocean?s Eleven? (2001) ou são filmes experimentais difíceis de avaliar e de descrever como este ?The Girlfriend Experience?, um drama intimista mas emocionalmente distante que se centra no dia-a-dia de Christine/Chelsea (Sasha Grey), uma prostituta de luxo que controla a sua própria carreira e que tenta conciliar os prazeres e os perigos inerentes à sua profissão com a sua vida privada que é dominada pela sua relação com Chris (Chris Santos), um personal trainer que se assume como um namorado dedicado que aceita o seu estilo de vida, mas que acredita que a sua relação não tem um futuro viável.

O enredo de ?The Girlfriend Experience? não tem uma estrutura linear e é tudo menos tradicional, podendo portanto ser um pouco confuso para quem aprecie filmes comerciais e pouco intelectuais, no entanto, muitas das ideias base deste filme são facilmente perceptíveis e centram-se, essencialmente, nas várias fraquezas da natureza humana como a luxúria ou a nossa ânsia por contacto humano. O filme analisa habilmente estas nossas fraquezas através dos vários relacionamentos que Christine/Chelsea inicia e mantém durante o filme, relacionamentos esses que são ou meramente sexuais ou sinceramente românticos. Estes últimos acabam mesmo por demonstrar que, por muito que tente, um ser humano é incapaz de combater a sua própria natureza carnal e emotiva. As várias relações de Christine/Chelsea são exploradas através de uma entrevista que esta dá sobre o seu ofício a um cronista (Mark Jacobson), mas também através das várias conversas que ela tem com os seus clientes e namorado, conversas essas que aparentemente são desconexas e levianas mas que acabam por nos fornecer todas as informações necessárias para entendermos esta narrativa e as suas ideias centrais, no entanto, certas análises secundárias à Crise Financeira ou às Eleições Presidências de 2008 vão certamente passar ao lado da maioria dos espectadores devido à subtileza com que são abordadas.

A realização de Steven Soderbergh não é a mais convencional ou a mais cativante para um olhar mais comercial mas é, mesmo assim, extremamente eficaz porque valoriza os pormenores e retrata a história intimista de Christine/Chelsea de uma forma muito interessante, evitando no entanto uma análise emotiva sobre os seus temas centrais. O cineasta canadiano também soube incutir sensualidade e erotismo ao filme sem o banalizar e sem nos mostrar uma única cena de sexo, no entanto, os atributos físicos de Sasha Grey não foram desaproveitados por Soderbergh que acabou por incluir uma ou outra cena onde a actriz aparece nua, no entanto, essas cenas não são nem controversas nem obscenas. A nível técnico, ?The Girlfriend Experience? também nos oferece uma banda sonora actual e interessante da autoria de Ross Godfrey dos Morcheeba, que acabou por conferir ao filme um excelente fundo sonoro. O seu elenco resume-se essencialmente a três actores (Sasha Grey, Chris Santos e Mark Jacobson) e assume-se como o elemento mais fraco deste filme, no entanto, Sasha Grey, uma actriz habituada a outros mundos artísticos, até nos oferecer um performance satisfatória que peca apenas pelo seu amadorismo inerente. ?The Girlfriend Experience? não é o melhor filme artístico da carreira de Steven Soderbergh mas é, mesmo assim, uma obra moderadamente interessante que merece ser vista por todos aqueles que apreciem filmes inconvencionais.

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