Crítica - The Mortal Instruments: City of Bones (2013)
Cinema

Crítica - The Mortal Instruments: City of Bones (2013)


Realizado por Harald Zwart 
Com Lena Headey, Lily Collins, Jonathan Rhys Meyers 

Os filmes ?Twilight? e ?Harry Potter? lançaram a moda das sagas cinematográficas direcionadas aos jovens, mas se ?Twilight?, ?Harry Potter? ou ?The Hunger Games? até são franchises de sucesso, o mesmo já não se pode dizer de outras sagas, que tão depressa apareceram como caíram rapidamente no esquecimento do público. Entre os exemplos mais claros e recentes destaca-se, por exemplo, ?I Am Number Four? (2011), que deveria ter sido o primeiro filme de uma saga baseada na série literária ?Lorien Legacies?, de Pittacus Lore, mas, devido aos seus péssimos resultados financeiros, acabou por ser o primeiro e último produto desse franchise. Este ano, ?The Host? e ?Beautifull Creatures? também não convenceram, e os seus fracos desempenhos comerciais podem ter condenado as suas respetivas sagas ao cancelamento precoce, por isso as coisas não pareciam, à partida, muito promissoras para este ?The Mortal Instruments: City of Bones?, que é a primeira entrega cinematográfica da série literária ?The Mortal Instruments?, de Cassandra Clare. Os piores receios e expetativas confirmaram-se, já que ?The Mortal Instruments: City of Bones? também não está a ser um grande sucesso, junto do público ou da imprensa, mas pelos vistos a Screen Gens e a Constantin Film não querem desistir deste projeto, e parecem determinados em avançar com a sua continuação, ?The Mortal Instruments: City of Ashes?, que se for minimamente parecida com este fraco e maçador primeiro filme, levará, muito provavelmente, ao cancelamento precoce de mais um franchise juvenil.

   

Tal como a história do livro homónimo, a trama de ?The Mortal Instruments: City of Bones? desenrola-se na Nova Iorque dos nossos dias, onde somos apresentados a Clary Fray (Lily Collins), uma adolescente aparentemente normal, que descobre que é descendente de uma linhagem de caçadores de demónios, os Caçadores de Sombras, um grupo secreto de jovens guerreiros semi-anjos, envolvidos numa antiga batalha para proteger o nosso mundo dos demónios. Após o desaparecimento da sua mãe, Clary é forçada a unir-se a um grupo de Caçadores de Sombras, que lhe apresentam uma Nova Iorque perigosa e alternativa chamada Mundo-à-Parte, repleta de demónios, feiticeiros, vampiros, lobisomens e outras criaturas mortíferas que ela terá de enfrentar para resgatar a sua mãe.

   

Não posso dizer se ?The Mortal Instruments: City of Bones? é ou não fiel à versão literária, porque nunca li nenhum dos livros da popular coletânea escrita por Cassandra Clare, mas posso dizer que não há grandes diferenças entre este fraquinho blockbuster juvenil e outros produtos igualmente medíocres do mesmo género, como ?Twilight? ou ?The Host?. À semelhança dos piores filmes juvenis dos últimos anos, ?The Mortal Instruments: City of Bones? tenta aproveitar a ingenuidade do seu público-alvo para o tentar entreter com várias sequências ruidosas mas pouco robustas, um elenco com jovens esbeltos mas profissionalmente ocos, e um guião sem grande conteúdo ou sentido prático, que parece reciclar as principais ideias de alguns franchises juvenis bastante populares mas igualmente medianos. Não há portanto nenhum sinal claro de imaginação ou imprevisibilidade no confuso argumento deste horripilante filme juvenil, que vive apenas de sequências de ação muito parvas e sem grande emoção, que são intercaladas por uma intriga tão superficial e tão previsível que, para além de nos obrigar a revirar múltiplas vezes os olhos graças à sua repetitiva e fatigante subtrama romântica, aposta também numa tenebrosa intriga sobrenatural, que consegue testar todos os limites da nossa paciência com a paupérrima estrutura e previsível evolução da grande demanda sobrenatural da jovem protagonista, que denota óbvios défices de coerência, intensidade e criatividade. Não vale a pena estar aqui a dissecar ao pormenor todas as coisas patetas e ilógicas do guião, até porque para o fazer teria obrigatoriamente que revelar detalhes importantes da história, já que essas coisas patetas e ilógicas correspondem a cerca de 95% desta produção que, como já deve ter percebido, apenas assenta em clichés, repetições, lacunas e parvoíces. É por causa deste evidente desnorte narrativo e criativo que não vale a pena falar nas (muitas) coisas que simplesmente não têm qualquer razão de ser, e que deveriam ter sido alteradas ou cortadas por Jessica Postigo Paquette (Guionista) ou Harald Zwar, um péssimo realizador sem potencial e com uma filmografia de meter medo, que muito sinceramente não esteve à altura deste já de si fraco desafio que, ainda assim, impunha a presença de um cineasta um pouco mais respeitado e profissional que, se calhar, poderia ter espremido um pouco mais de qualidade de um péssimo elenco maioritariamente juvenil liderado pela desinteressante Lily Collins. É verdade que não estava à espera de muita coisa deste leviano ?The Mortal Instruments: City of Bones?, por isso não fiquei nada surpreendido com os seus grandes e graves problemas, que deixam uma forte conotação negativa em qualquer pessoa que o veja, não só por causa da ausência de qualidade, mas também porque se trata de um filme que se limita a repetir ideias e conceitos de outros blockbusters juvenis. É verdade que poderia ter sido um pouco melhor se algumas condicionantes tivessem sido emendadas ou simplesmente eliminadas, mas acho que nem todas as correções do mundo poderiam ter tornado este projeto em algo de muito especial ou com uma qualidade acima da média. Será que a sua continuação será melhor? Duvido muito. 

 Classificação - 1,5 Estrelas em 5



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