Crítica - The Theory of Everything (2014)
Cinema

Crítica - The Theory of Everything (2014)


Realizado por James Marsh
Com Felicity Jones, Eddie Redmayne, Emily Watson

Sei que o presente artigo de opinião peca por tardio e por isso peço desculpa, mas "The Theory of Everything" tem e terá sempre um significado especial para mim por tudo o que representa, retrata e poderia ter significado ou acabou por significar. Como filme propriamente dito, acho que é um produto romântico e dramático muito especial e tecnicamente satisfatório, mais não seja porque nos apresenta uma bela fotografia e uma grande banda sonora. Está longe é certo de ser um grande clássico ou um épico dramático e, por muitas qualidades que tenha, é, objetivamente, apenas e só um bom filme que, apesar de tudo, está longe até de pertencer ao Top 3 dos Melhores Filmes que estão nomeados ao Óscar de Melhor Filme. Tenho que ser realista ao ponto de o avaliar como tal e, como se pode calcular, não acho portanto que seja memorável ou revolucionário. É sim uma obra tocante, inspiradora e muito bonita que, confesso, mexeu mais comigo que qualquer outro filme que tenha visto nos últimos tempos, aliás mexeu comigo mesmo antes de o ver e por isso, claro está, depositei mais valor e carinho a um projeto que, repito, terá sempre um significado muito pessoal pelo valor que à partida lhe desejei conferir por circunstâncias da vida. 
Na sua base narrativa está um retrato circunstancial da vida do físico britânico Stephen Hawking, uma das mentes mais brilhantes das décadas recentes da Humanidade que é a viva imagem e prova da perseverança e da luta contra as expetativas, já que consegue sobreviver e conviver há mais de cinquenta anos com Esclerose Lateral Amiotrófica/ Doença de Lou Gehrig, uma doença neurodegenerativa e rapidamente progressiva da mesma família da Doença de Alzheimer ou da Doença de Parkinson, cujo prognóstico é, infelizmente, de cerca de dois anos para a vasta maioria dos casos. Ainda vivo nos dias que correm, Hawking desafiou todas as probabilidades e bateu todos os recordes de longevidade, sendo por isso uma inspiração para todos os que sofrem de ELA ou de doenças similares. Esta obra retrata a forma como Hawking lidou com o diagnóstico e com a progressão da doença que, apesar de todas as limitações, não o impediu de alcançar espetaculares objetivos profissionais e pessoais. Para além de ser uma cinebiografia de Hawking, "The Theory of Everything" é acima de tudo uma cinebiografia do seu casamento com a sua primeira mulher, Jane Hawking, a autora do livro que deu origem ao filme. A sua relação, complicada pela doença mas que resistiu até onde pôde com todas as dificuldades e graças ao amor e sentimentos que os unia, é explorada aqui com uma poderosa magia emotiva mas sem nunca escapar de uma elevada dose de realismo e coerência humana que só fica bem a este projeto que, apesar de se escapar a pormenorizar os detalhes mais negativos da vida do casal, consegue ilustrar ainda assim com um toque muito humano as dificuldades e os medos que pautaram uma convivência entre duas pessoas que sempre se respeitaram e que não desistiram à partida de um cenário negativo que, segundo uma personagem profetizou no inicio, adivinhava-se uma derrota pesada para todos.


O retrato que o filme nos dá e transmite prova que, apesar do final afastar-se objetivamente de um final mágico de Hollywood que só existe nos contos de fadas, tal derrota nunca chegou efetivamente a existir, muito pelo contrário, toda a relação de Jane e Stephen, apesar dos percalços inerentes à vida, foi uma vitória épica que, no final, deixou um laço poderoso entre ambos que a vida nunca apagará. É isso que se quer, sejamos ou não saudáveis, e foi isso que durante longos anos este casal teve e essa imagem positiva passa bem para o público. Neste sentido, "The Theory of Everything" é uma das mais belas histórias de esperança, amor e coragem que Hollywood viu nos últimos tempos, quanto mais não seja porque é uma história de amor com falhas humanas e muito realista. Há mérito nesta obra por isso e, apesar de não ser aquele retrato frio e duro sobre as dificuldades que não são visíveis no ecrã, é ainda assim um produto muito tocante e bonito que nos dá uma verdadeira lição, para o bem e para o mal, das reviravoltas da vida, do valor humano e, acima de tudo, da inexistência da eternidade do amor mas da eternidade de um sentimento de carinho e veracidade humana. 
Para além de nos presentear com uma forte autópsia romântica e dramática do casamento de Jane e Stephen Hawking, que já agora importa referir são brilhantemente interpretados por Felicity Jones and Eddie Redmayne, "The Theory of Everything" também apresenta alguns vislumbres biográficos da carreira e dos feitos de Hawking, mas tal retrato mais profissional fica sempre num plano secundário perante um poderoso plano central dramático, romântico e humanista que exemplifica, na perfeição, os sacrifícios, dramas e valores de um casamento e, acima de tudo, de uma relação entre duas pessoas que sempre se respeitaram e cuja vida nem sempre lhes deu as melhores cartas. Sem querer ser negativo mas já o sendo, em certo ponto da vida de cada um, graças aos tais cruéis twists que a vida nos coloca ou ao avanço da mesma, este filme poderá ou não ganhar maior relevância e, dependendo disso, será sempre uma mensagem poderosa e um aviso importante sobre as mensagens boas e más inerentes a dificuldades, crenças, expetativas, sonhos, valores e, acima de tudo, esperanças. 
Não nego que, a um nível pessoal, esta bela produção mexeu comigo e significou muito para mim, mesmo antes de estrear ou de a ver. No fundo sempre soube que iria mexer comigo e realmente acabou por mexer a vários níveis. É por isso que olho para ele com um carinho especial. É claro que agora, após o ver, posso dizer que imagino mil cenários em que poderia ter mais ou menos significados fortes ou fracos. Sei hoje que não tive a experiência que pensei ter quando soube da sua existência, quando planos e expetativas foram formulados e as circunstâncias da vida eram amplamente diferentes, mas apesar de outras reviravoltas da vida terem dado outro sabor ao filme, posso dizer com toda a certeza que, mesmo assim, traduziu-se numa experiência muito significativa . E isso fez com que este filme entrasse diretamente para o meu cantinho especial de filmes que marcaram uma vida e uma série de momentos, sejam eles prévios ou posteriores a uma promessa, a uma consequência e a uma experiência. É esta a beleza do cinema não é? 

 Classificação - 4 Estrelas em 5



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