Crítica - The We and the I (2012)
Cinema

Crítica - The We and the I (2012)


Realizado por Michel Gondry
Com Michael Brodie, Teresa Lynn, Raymond Delgado

Uma interminável viagem de autocarro no último dia de aulas é a metáfora utilizada por Michel Gondry para retratar a busca de um sentido para a vida dos adolescentes da Bronx no meio do caos em que estão inseridos. Este filme resultou de três anos de convivência do realizador com esta dramática realidade.


Em Nova Iorque, em Lisboa, em Paris ou em qualquer outra capital do mundo ocidental, a realidade das comunidades mais carenciadas, sejam de origem afro-americana, africana ou outra, principalmente no que toca aos adolescentes, que ainda vivem repletos de esperança, repete-se invariavelmente. Conheci de perto uma destas realidades durante mais de dez anos, razão pela qual, possivelmente, esta obra de Gondry me desagradou terrivelmente.  A distância curiosa em que o olhar do realizador se coloca em relação àqueles jovens, como se de animais exóticos se tratassem, bem como o total pessimismo de toda a narrativa que apresenta a vida como um beco de horrores sem qualquer possibilidade de saída,  não deixam de modo algum brilhar a recorrência a uma técnica narrativa fragmentária e bastante interessante nem o desempenho dos mais novos protagonistas. Que a vida nestas comunidades é uma luta selvática pela sobrevivência é dado adquirido, mas não o será também nas nossas próprias vidas? As personagens não passam aqui de estereótipos, os bullies, as miúda mais gira, a tímida, o gordo, o nerd, entre outros, e eu pergunto, não merece a imensidade interior de cada uma daqueles pessoas um tratamento muito mais aprofundado e muito menos estarrecido?
Penso, convictamente, que como disse alguém que "se não tens nada para dizer, não digas nada", e foi isso que senti nesta obra, não se diz nada de novo  e a única reacção que se provoca no espectador, no meu caso, pelo menos, é a indignação por uma questão tão essencial para a organização humana dentro das grandes cidades, que envolve questões fundamentais de direitos humanos, ser abordada de forma tão fútil e derrotista. Para além disso falhas da tradução como "pseudónimo" para "nickname" ou a própria opção de tradução do título, reforçam essa distância e tornam-se mesmo depreciativas para com aqueles jovens. Não gostei!

Classificação - 2 Estrelas em 5 



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