Crítica: Amor (Love/Amour 2012)
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Crítica: Amor (Love/Amour 2012)




No ano passado o filme A Separação ganhou todos os prêmios que disputou e mesmo muito antes da cerimônia do Oscar já era possível saber que se sairia o grande vencedor da categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Algo semelhante está acontecendo com Amor, o novo filme do diretor Michael Haneke, que já foi vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Oscar no passado pelo seu filme A Fita Branca. Para vocês terem ideia o longa foi premiado como melhor filme estrangeiro no National Board Review e no The New York Film Critics Circle, sendo ainda o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2012 e eleito o melhor filme europeu no European Films Awards.

A trama envolve o relacionamento de dois idosos, que já estão por volta de seus oitenta anos. Eles são professores, aposentados, de música e após um concerto de um dos seus ex alunos terminam vivenciado um caso inusitado. Anne, mulher da relação, sofre um derrame por algum tempo e se desprende do mundo em que vive. George não consegue entender o que aconteceu e decide levar a esposa ao médico. A notícia vinda de lá não é a melhor possível e logo eles tomam ciência de que precisarão conviver com a doença e o risco da morte. É nessa hora que o amor do casal é posto a prova e será representado nos esforços para o prolongamento da vida. 

Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva estão estupendos e soberbos em cena. Sem o talento desta dupla de atores esta produção poderia perder metade do impacto que é capaz de causar. Arrisco a dizer que Emmanuelle Riva merece ser tão ovacionada como esta película será. A atriz dá um show de atuação e consegue nos brindar com uma enorme carga sentimental a cada estágio da doença de sua personagem. Uma das atuações mais monstruosas que vi nos últimos anos. Jean-Louis Trintignant é outro que está incrível e é dele que parte a sensação que está presente no título da obra: Amor. É a dedicação de seu personagem que torna cada cena mais especial. 

Michael Haneke mantêm aqui sua característica fria e analítica de todos os acontecimentos que norteiam sua obra. Assim ele nos entrega uma produção tocante, contagiante e ao mesmo tempo perturbadora e complicada de ser assistida. É impossível o espectador não sair reflexivo desta produção ou ao menos chocado com tudo aquilo que lhe foi apresentado em cena. É um filme que deve ser visto no momento certo, com paciência e sem achar que sairá muito animado depois desta experiência. Inegável que se trate de uma história de amor linda, mas acompanhar os passos dos idosos até o cumprimento da máxima: Até que a morte nos separe, não é trabalho para qualquer um. 

Outro ponto interessante é que o diretor não permite ao espectador a esperança de que haja um final feliz, pois já na primeira cena arromba uma porta e nos apresenta um corpo falecido e coberto de flores em um quarto trancafiado. Com esse início ele já afirma que não está para brincadeiras, que não irá aliviar e que todos os acontecimentos irão se tratar da trajetória entre a vida e a morte. A cada tomada tomamos um susto com o quanto que Anne está piorando e mais nos apaixonamos pelo empenho e dedicação de seu marido George. A coisa é tão séria, que nem em sonho George consegue se livrar do pesadelo em que está fadado a viver. 

Lindo e aterrorizante. São essas as duas palavras que melhor consegui relacionar a esta produção, que nos reserva um final daqueles de deixar muitas lágrimas escorrendo. É muito difícil escrever uma crítica sem querer comentar diversas cenas que são marcantes, mas prefiro sair como alguém que fez um texto raso do que revelar algo desta produção, que reserva uma forte emoção de sentimentos para todos que a conferir. Acredito que com o disposto em cima o espectador já irá se sentir motivado a conferir a produção, mas alerto novamente de que não é um filme fácil e que merece esforço e dedicação. Uma dessas relíquias que o circuito alternativo nos oferece e passa despercebido pelo grande público. 


Trailer do Filme: 



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