Que Nicolas Cage não é mais garantia de sucesso todo mundo já sabe. O que me surpreende cada vez mais é que parece que o ator não está ligando para as contínuas críticas que vem recebendo e continua fazendo escolhas erradas. Será que ele, ou seu agente, leu o roteiro de Caça às Bruxas até o final? Essa pergunta é bem exemplar ao dizer que em seus primeiros 5 minutos, o filme cria uma expectativa de que realmente será muito bom, mas a cada cena que passa a trama vai se perdendo, problemas vão surgindo e termina parecendo que tudo foi misturado em um liquidificador para gerar um suco meia boca.
A trama tem um contexto interessante e surgiu da tentativa de se aproveitar da mística perseguição que a Igreja Católica exercia as mulheres, que eram acusadas de bruxas em tempos medievais. Deste pressuposto entendemos que uma peste, que deixava as pessoas deformadas e levava à morte, estava atacando um vilarejo e que seu surgimento tinha total relação com a chegada de uma misteriosa jovem. Esta moça fora então acusada de bruxaria e presa. Os religiosos acreditavam que para resolver a questão era necessário que a bruxa fosse levada a um mosteiro distante e é neste momento que entram na trama Felson e Behmen, dois desertores que foram presos, mas negociaram sua liberdade em troca da missão de transportar a jovem ao lugar em que seria julgada e punida.
Algumas coisas do filme são até interessantes, como algumas tiradas cômicas de Felson, mas em seu grande contexto a obra não passa de um trabalho no máximo mediano. O clima de terror que tentam implantar fracassou, pois a facilidade de prever possíveis sustos é muito fácil. Ver os rostos deformados pela peste não é nem um pouco agradável e é tão exagerado que poderiam ser evitadas algumas cenas repetitivas que foram feitas apenas para causar esse mal estar. Nicolas Cage (Senhor das Armas, O Aprendiz de Feiticeiro, Kick-Ass: Quebrando Tudo) e Ron Perlman (Enrolados - "Voz" ) fazem até uma dupla interessante, mas são impedidos de convencer em seus papéis por falta de uma direção mais competente, que deu cortes rápidos e mudanças bruscas em cenas que mereciam um maior destaque e profundidade.
O final do filme também não me convenceu e foi parar em um lado muito "louco". Não consegui entender aquilo e até agora acho que mais uma vez ferraram um final interessante. A trilha sonora não me agradou e a fotografia não foi capaz de acelerar as batidas do coração de ninguém. Tenho certeza que não quis acreditar no que via, tanto que Silvano me ligou assim que saí do cinema e me perguntou o que achei... Respondi que era um filme legalzinho, mas agora ao parar e refletir para fazer a crítica... Posso dizer que se trata de mais uma péssima escolha de um ator que um dia já foi certeza de bom filme.
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