Cinema
Crítica: Karen Chora no Ônibus
Por Fabricio Duque
?Karen Chora no ônibus? é a estreia na direção de um longa-metragem do colombiano Gabriel Rojas Vera. Conta-se a história de Karen (Ángela Carrizosa Aparicio), que ?abandonou? (mas pediu o divórcio) dez anos de casamento tedioso de ?dona de casa? (à sombra do marido). As mesmices situacionais estimularam esta mudança para que fosse possível ?repintar? sua vida. É a fábula de ?Alice No País das Maravilhas na realidade?, lembrando o seriado ?realista? da HBO ?Alice? de Karim Aïnouz. Aqui, o roteiro, escrito pelo diretor ao observar uma mulher chorando em um ônibus, busca narrativa novelesca com estrutura cinematográfica, romanceando a trajetória do recomeço da personagem, preferindo-se uma abordagem superficial e teatralizada das ações cotidianas com elipses de curto tempo (um dia a outro, por exemplo). Talvez, as inseguranças do diretor (de ?marinheiro de primeira viagem?) tenham traduzido seus medos em se arriscar, subvertendo até a máxima do ?menos é mais?, que não é este caso. Neste filme, falta o ?mais?. Tudo é demasiadamente fácil, soando falso, forçado e encenado única e exclusivamente para fechar os ?buracos? da trama, que por sua vez, apresenta-se equilibrado, do inicio ao fim. Karen permite a automodificação. Ela chora, muda a uma pensão decadente, substitui o café por cerveja, embebeda-se, rouba um supermercado, encerra pouco a pouco seus preconceitos sociais (mesmo se mantendo egoísta), ?encena? temas de um livro de Victor Hugo, ?entende? a mãe tradicional, e ?consegue? (com a ajuda do roteiro do próprio filme ? não metalinguístico) um emprego ?perfeito?, encontrando-se assim redenção, maturidade, o ?cabelo curto?, autossuficiência, felicidade, paz individual, liberdade nas próprias escolhas e vencendo a timidez social. E quase depois de todos esses acontecimentos, ainda ?recebe? uma nova idade de ?dezesseis anos? (retornando à juventude). Concluindo, ?Karen Chora no ônibus? é amador, ingênuo, infantilizado na resolução dos ?obstáculos?, limitado palatavelmente ao aprofundar questões sôfregas. Mas também é despretensioso e apaixonado, representando um começo digno (sem muito estardalhaço) na carreira do diretor Gabriel Rojas Vera. Detalhe a última cena. Um novo ciclo é iniciado, substituindo a personagem principal com desapego e com a certeza de um ?trabalho? cumprido e outro que se segue.
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