Crítica: Romance Policial
Cinema

Crítica: Romance Policial


Por Fabricio Duque

?Romance Policial?, do diretor chileno Jorge Duran (de ?Não Se Pode Viver Sem Amor?, ?Proibido Proibir? e roteirista de ?Pixote ? A Lei do Mais Fraco?, ?Quem Matou Pixote??, ?Achados e Perdidos?), apresenta-se como um ?Road movie? de redescoberta existencial, ao introduzir o protagonista em uma aventura literária a fim de mitigar o vazio ?burocrático? (de um funcionário público em uma repartição pública ? que tem como uma ?colega de trabalha? a atriz Karine Teles ? presença ?afetiva?) do nada que o acometia, que possui como consequência uma mutilação da própria inspiração, exterminando ideias, percepções, vivências, e engessando uma normalidade sintomática. A ?terapia? permitida (de encenação ?literária? narrada pelo ator Daniel de Oliveira (de ?Cazuza?, ?Sangue Azul?), o ?queridinho? da vez ? confunde propositalmente realidade e criação ficcional com o intuito de gerar a analogia fantasiosa da metáfora da arte de se produzir histórias), visto que o personagem é um escritor, e por lógica precisa ?escrever, escrever, escrever? para não sucumbir à depressão, é o desprendimento de uma vida quase insignificante. O longa-metragem, com um toque ?noir? colorido, procura uma liberdade despretensiosa da troca das vivências e das experiências com tipos passantes de um momento líquido, como personagens de um conto policial, que são ?ajudados? pelo acaso, para que a história possa ser terminada em ciclo. O deserto do Atacama, no Chile, é o cenário para sua transformação quando encontra um corpo e é impedido de voltar ao Brasil. Ao se envolver com Florencia (a atriz chilena Daniela Ramirez), uma moradora local, ele desvenda o crime e escreve sua grande obra. ?Romance Policial? integra o gênero de filmes contemporâneos que enfatizam o tempo mais contemplativo ? quase silencioso ? de construção narrativa, ?fugindo? da estética da edição videoclipe. É inevitável não referenciarmos (por seu argumento inicialmente inclusivo ? o de andar e sentir, já que aqui se explicite mais o concretismo dos desdobramentos que a ?viagem? às causas da neurose patológica) aos filmes ?A Oeste do Fim do Mundo? (de Paulo Nascimento), ?Dromedário no Asfalto? (de Gilson Vargas) e ?Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa? (de Gustavo Galvão). O viés explicado anteriormente do paralelismo livro-realidade, talvez seja a única possibilidade de se ?consumir? o final, que se comporta como um prólogo óbvio, palatável, excessivamente detalhado e desnecessário, com uma mensagem à moda Paulo Coelho. Então, trocando em miúdos, acreditamos na atmosfera objetivada de essencialidade típico do fechamento do gênero policial, até porque ?Romance Policial? desenvolve-se com naturalidade, apesar de estar no limite tênue entre novela-cinema. Recomendado. 



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