Crítica: Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência
Cinema

Crítica: Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência


Por Fabricio Duque

?Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência?, o novo filme do sueco Roy Andersson (de ?Você, Os Vivos?), comporta-se como uma mistura de Wes Anderson com Aki Kaurismaki com Samuel Beckett com Monthy Python, utilizando o surrealismo de silêncios epifânicos como tom definidor de conduzir o espectador, de forma intermitente, às ?entranhas? de seus ?surtados? personagens, cujo título foi inspirado na pintura ?Os Caçadores na Neve?, de Pieter Bruegel. O longa-metragem, que foi o grande vencedor do Festival de Veneza 2014, recebendo o Leão de Ouro de Melhor Filme, e exibido no Festival de Toronto, praticamente com dias de diferença. A fotografia pálida e saturada ao vivo busca uma teatralidade do momento pausado (sendo possível observar por ações lentas), a fim de se perceber que a vida cotidiana está em decomposição, como mortos vivos maquiados, tipo zumbis sociais (que já ?morreram, mas esqueceram de cair?), em uma sutil e prévia indicação da mensagem final. São encontros-picardias com a morte. Situações banais, esquisitas e hiperdimensionadas (a perspectiva posicionada da câmera ? transformando vinte e cinco cavalos em centenas) do contraste ilógico da catarse apática (visto a ?protuberância? de cenas sem diálogos ? apenas insinuações no melhor estilo de cinema mudo). É uma fábula crítica e realista sobre o apego material. A ?história? passa a bola, intercala passado e presente unidos por uma passagem temporal personificada no concretismo visual. É como se acontecimentos passados interagissem com o presente que se interage com o futuro que também está no presente. Toda essa ?esquizofrenia? cinematográfica é equilibrada com o tempo perfeito, um timing que cria um ritmo irônico e propositalmente patético. É genial. A maestria talvez esteja em ?deglutir? as doses homeopáticas que são ?chacoalhadas? insanamente na mente de quem assiste. A ?liberdade poética? gera a ?sobriedade no querer?, como o retorno no mesmo ambiente. A excentricidade é destrinchada no próprio ser humano, que ?permite? a lobotomia e a necropsia paranormal da aglutinação epifânica, entre cenários fantásticos, planos estáticos, pessimismos e desistências resignadas. Aqui, a trama ?liberta? metáforas conceituais e por sacadas do tipo ?Você acha que ajuda as pessoas sendo engraçado??. Eles sabem exatamente o que realmente são e como lidar com a explosão limite de suas paciências. Concluindo, um filme metafísico burlesco, ultramodernista, que provoca com insanidade lógica a complexidade ilógica das idiossincrasias definidoras e socialmente ?entendidas? (até mesmo respeitadas) destes seres que ?precisam? estar socialmente reunidos. ?Eu não quero ser uma pessoa cínica. Eu só acho que eu tenho outra ambição do que quero para meu próprio prazer, trata-se de dizer como a sociedade pode ser mal desenvolvida, com muita injustiça e falta de respeito, empatia e assim por diante. Eu não gosto de me chamar um "artista", eu trabalho com ferramentas artísticas. Se você fizer isso você tem algum tipo de responsabilidade também, porque essas coisas vão dar ao povo o material para construir sua visão de mundo. Você tem que ter muito cuidado e ser muito honesto também?, finaliza o diretor, que também disse que a inspiração do filme veio do filme ?Ladrões de Bicicleta?, de Vittorio de Sica. Recomendado.



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