Crítica de As Aventuras de Pi
Cinema

Crítica de As Aventuras de Pi



Viagem Insólita

As Aventuras de Pi // Life Pi

Nota: 9,5


Ang Lee é um dos diretores mais competentes do cinema atual. Ele consegue transitar por diversos gêneros sempre de forma competente. Fez filmes muito respeitados, e que eu gosto, como O Banquete de Casamento, Razão e Sensibilidade, A Tempestade de Gelo, Brokeback Mountain, outros que eu não gosto tanto, como O Tigre e o Dragão, que me dá um sono danado... E como todo mundo tem suas caveiras debaixo da cama, ele fez Hulk. Dessa vez ele volta a trabalhar com fantasia e dirige essa adaptação do um famoso livro homônimo do escritor canadense Yann Martel, que tem feito muito sucesso com público e crítica, e colecionado indicações a prêmios, como a maioria dos seus filmes normalmente faz.
Aqui a história é sobre Piscine, que com um nome desse só podia virar motivo de chacota na infância, um imigrante indiano que vive no Canadá procurado por um novelista que soube da sua interessante história de vida. Então ele conta como era sua vida na Índia, filho de donos de um zoológico, que então resolvem imigrar para o Canadá. Só que os planos saem desastrosos quando o navio naufraga numa tempestade, e ele tem que sobreviver em um bote no meio do oceano com inesperadas companhias.
O filme por si só poderia ser só uma bela fábula, mas pra mim o que engrandece é o terço final, como a história se fecha, ligando os pontos e dá um toque de humanidade. Esse sim é maior trunfo da obra de Martel, adaptada por David Magee de Em Busca da Terra do Nunca, o toque marcante da estória e que emociona mais do que qualquer coisa que acontece antes na trama.
O filme tem muitos pontos fortes. Antes de tudo, visualmente ele é fantástico. Os efeitos especiais são lindos, as cores, a direção de arte é impecável. O elenco é ótimo, e o destaque é o menino indiano Suraj Sharma que passa muito mais que a metade do filme interpretando sozinho, já que o tigre, a sua bola de vôlei de Wilson, é efeito especial. Pra mim esse é um Náufrago bem mais eficiente do que aquele do Tom Hanks.
Chama atenção também por ser um dos raros filmes mainstream que não retratam uma cultura distinta de forma pejorativa nas telas. Argo tá aí que não me deixa mentir. Quando Ben Affleck pisa em Teerã, ele fica cercado por inimigos selvagens e intolerantes, e nós, como ocidentais só podemos ter empatia por ele, porque é mais parecido conosco, e porque a história nos conduz a isso. Mas a gente não viu graça nenhuma com Turistas, por exemplo, que por nossa sorte ninguém levou aquilo a sério. Mas outros filmes importantes como O Expresso da Meia-Noite e Slumdog Millionaire já repetiram esse mau-costume.
Em relação aos prêmios, que são o principal assunto da indústria no momento, As Aventuras de Pi com certeza estará entre os concorrentes de todos os prêmios. Está dentro de todos os indicados que foram anunciados até aqui, como o Globo de Ouro e o Critics’ Choice. Já quais suas reais chances, difícil dizer agora. Mas ele tem concorrência forte do Lincoln de Spielberg (saco nenhum pra ver esse) e Argo, que é o.  tipo de filme que normalmente agrada votante. Mas até agora meu favorito, além dele, é Silver Linings Playbook, que logo, logo escreverei sobre.
Ang Lee prova mais uma vez que seu forte, assim como fez em Brokeback Mountain, é quando ele não tem muito a dizer, mas muito a mostrar. Quanto menos diálogo melhor. A verdadeira personificação de que uma imagem vale mais que mil palavras. Susana Vieira estaria perdida com um script desses nas mãos. Pra ele esse máxima funciona. Pra outros diretores/roteiristas como Tarantino ou Neil Simon, o diálogo é sua arma principal. Cada um com suas fortalezas.


UPDATE: Acho que empolgado e com entusiasmo, esqueci de comentar o ponto fraco do filme, na minha opinião, que é a visão religiosa proselitista, meio que ecumênica pois o herói é católico/hindu/islâmico, por gostar das três crenças, mas fica subentendido na história que a única forma de vencer os desafios é tendo fé no ser superior, que aí já não fica claro qual.



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