Cinema
Crítica de Livro: Harry Potter e a Pedra Filosofal
Texto: Rodrigo Costa
Era junho de 1997 quando um livro infantil, aparentemente bobo, e a princípio até despretensioso foi publicado na Inglaterra pela editora Bloomsbury, após ter scripts recusados por nada mais, nada menos que dez editoras no país. Hoje, conhecendo o fenômeno que o menino magricelo, de óculos redondos e exibindo uma estranha cicatriz em forma de raio na testa se tornou, não é difícil imaginar o arrependimento daqueles que um dia o disseram ?não?.
O livro nos introduz à jornada do jovem Harry, que, após perder seus pais muito cedo é levado para a Rua dos Alfeneiros, nº 4, para que seja criado por seus nada agradáveis tios. Após onze anos completados, no entanto, o garoto descobre de maneira nada convencional ser possuidor de poderes mágicos; além de ter uma vaga em uma escola para bruxos reservada para si desde o dia em que nasceu. Parte, então, para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde vai conhecer seus mais que fiéis escudeiros Rony e Hermione, aprender a controlar seus poderes e descobrir um pouco mais sobre a misteriosa e prematura morte de seus pais. Somos também apresentados ao ?maior bruxo das trevas que o mundo já viu?, cujo nome todos temem. Lord Voldemort.
Taxado como um livro infanto-juvenil, me arrisco em discordar de tal rótulo para a obra. Sim, o primeiro livro da série é inegavelmente o menos sombrio dos sete lançados, além de ter crianças como protagonistas. Obviamente, conquistou a princípio mais crianças e pré-adolescentes que adultos. Porém, pode-se dizer que o romance tenha sido categorizado como tal apenas pela abordagem leve e em alguns momentos até ingênua que faz de temas muito adultos, dos quais o mundo precisava que entrassem em pauta, especialmente entre jovens. Respeito, amizade, união, tolerância e amor. Soa piegas, mas a promulgação de valores cristãos como os citados é a força-motriz de todo o livro ? e da série.
J. K. Rowling faz valer a sua luta para publicar sua obra-prima durante as mais de duzentas páginas que a compõem e, de fato, prendem o leitor a uma história repleta de mistérios, ação, descobertas e, é lógico, magia. Não é necessário fazer tanto esforço para entender o sucesso estrondoso do livro após uma leitura detalhada do mesmo. Rowling presenteou o mundo naquele ano de 97 com uma história bem estruturada, criativa e que proporciona bons momentos de emoção ? pois não há maneira de não se deixar envolver pela magia de ?Harry Potter?. Afinal, não é isso que todos procuramos ao abrir um livro ? escapismo?
Outro ponto forte do livro é a criação de um perfil psicológico para cada personagem, inclusive os secundários, justificado sempre por sua respectiva história. Essa é uma das grandes virtudes de Rowling e, diria que seu principal diferencial em relação a outros autores do gênero. Talvez por ser uma mulher, ou por ter passado por dificuldades financeiras e depressão, o fato é que a autora mantém uma linha lógica, construída em ?a Pedra Filosofal?, para cada um de seus personagens em todos os seus livros. Mas a maneira como seus personagens crescem nesse e nos posteriores livros da série é encantadora e talvez ainda mais mágica que qualquer outro feitiço, aos olhos do leitor.
Uma última observação sobre a ?Pedra Filosofal? deve ser feita. Desde que foi publicado, foram inevitáveis comparações entre a história de Harry e outras que também já haviam cativado milhões ao redor do mundo, como O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia. Há, de fato, influência de obras como essas em Potter, e talvez até uma influência da demanda comercial nos livros de J.K., mas fica claro já no primeiro livro da série que Harry Potter tem um toque particular (vide parágrafo acima). Uma magia só sua; criada por uma inglesa pobre durante uma viagem de trem.
PONTOS ALTOS:
?O Beco Diagonal?; ?O Espelho de Ojesed?; ?O Homem de Duas Caras?.
NOTA: 8,0
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