O Outro Lado da Vida
Desta vez ele adaptou um livro sobre um havaiano, Mr. George Clooney em toda sua glória, que faz parte de uma família que possui um pedaço de paraíso intocado em Kauai, uma das ilhas do arquipélago (inclusive o local mais chuvoso do mundo), que está sendo oferecido milhões por ela para se construir um resort por lá. Ele é o cabeça da decisão e tem que responder por toda a família, posição que lhe foi herdada e ele há de honrar, e com toda a pressão do estado, que acompanha todos os passos da decisão.
Nesse meio tempo ele tem que lidar com sua família problemática. A filha mais nova não tem um real de juízo nem pra emprestar. A filha mais velha rebelde não se dá bem com a mãe. Já essa acaba de sofrer um acidente esquiando no mar e entra em um coma irreversível. E um segredo sobre ela muda completamente tudo que ele sente pela infeliz. E ele ainda tem que tolerar o paquera debilóide da filha e o sogro patriarca, que vai envelhecendo e ficando mais rabugento (sexagenário cri cri = redundância, pleonasmo vicioso). E agora, José? Dinheiro ou natureza? Respeitar a moribunda ou curtir a mágoa? Ligue para 0800-meia-meia-sem sapato. O final você decide.
O filme me trouxe muitas memórias. Nem parece que quase 5 anos atrás eu vivia por aquelas bandas. A trilha sonora toda só me fazia lembrar do restaurante que eu trabalhei. George Clooney é sempre bom, mas esse papel lhe proporcionou um algo mais, e ele soube muito bem trazer todas as nuances necessárias a personagem. Está entre os favoritos para melhor ator nas premiações.
A estrela teen Shailene Woodley, como a filha aborrescente, mostra que há talento escondido na Nickelodeon, Boomerang e afins, e é nome certo nas listas de melhores do ano. Além de um elenco de apoio ótimo também. Tem Judy Greer, que eu amo sempre, Matthew Lillard (eterno Salsicha pra mim), num dos seus raros papéis decentes e Robert Forster, como o sogro osso duro de roer.
Além de Clooney e Shailene, Os Descendentes é forte candidato também nas categorias de Filme, Direção e Roteiro Adaptado (nessa principalmente). Outras indicações mais deverão ser incluídas, obviamente. O que mais me encanta nesse filme é a singeleza que Hollywood, numa safra recheada de super-heróis e seqüências de blockbusters acéfalos, explosivos e inflamáveis, tem se esquecido. No meio da lama uma bela flor havaiana nasce colorida e cheia de vida. Aloha!