Um dos títulos mais esperados do I SP Terror é, sem dúvida, o francês Eden Log. A história de um homem que acorda sozinho no fundo de uma caverna sem se lembrar de nada, contada pelo diretor estreante Franck Vestiel, acabou conquistando fãs por onde passou.
Não sem motivo. Desde as primeiras imagens, o filme impressiona quem o assiste. A escuridão, o som agoniante e alguns flashes de imagem já surpreendem ao aguçar ainda mais a curiosidade de todos na sala.
As surpresas continuam por todo o filme. Sem saber determinar muito bem o que está acontecendo, vemos um homem coberto de lama que tenta achar algum caminho. Ele parece estar entendendo tanto quanto seus espectadores, ou seja, nada.
A agonia é um elemento constante da platéia e as mensagens que chegam através de pessoas, que não são bem pessoas, vão tentando determinar do que se trata tudo aquilo. A história vai se formando na cabeça de quem vê o filme e toma o rumo da criatividade e curiosidade de cada um.
Se só um homem está em cena, o resto deve ser muito mais atraente. E é.
A fotografia do filme, de Thierry Pouget, é excelente e sabe como transitar entre o balanço da câmera na mão e as cenas estáticas. A iluminação, nada fácil já que se trata de um filme predominantemente escuro, é muito apurada e jogos com projeções, reflexos e filtros merecem um destaque. Os enquadramentos, muito bem pensados, chama a atenção.
O som não fica atrás e aproveita bem as possibilidades do ambiente da caverna e usa bem vários tipos de ruído e o resultado ainda fica mais apurado com a boa escolha da trilha sonora, que mesmo arriscada, é muito interessante.
A montagem é sensacional, principalmente quando conhecemos a segunda personalidade do protagonista.
O filme ganha muitos pontos com o visual e a ambientação. Indiscutivelmente, a melhor coisa do filme é a direção de arte. Todo o desenho de produção de Jean-Philippe Moreaux conseguiu criar um mundo completamente diferente e crível ao mesmo tempo. Para mim, é um dos melhores cenários criados nos últimos tempos.
No mais, temos um trabalho muito competente do ator Clovis Cornillac que quase não fala, mas consegue transmitir muito bem o seu recado. O roteiro é muito bom também e dá conta de provocar essa curiosidade no público até o final. Além de deixar, como os filmes franceses, que o público digira tudo aquilo que viu no tempo que achar mais adequado.
Apesar de todo o brilhantismo e grandiosidade, o filme se empolga mais do que devia no final e acaba deslizando. Poderia ter acabado um pouquinho antes.
Ainda assim, é imperdível!
Um Grande Momento
Dentro do cubo branco.
Próximas sessões: 27/06, às 19h30 (sala 4); 29/06, às 21h30 (sala 4)
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Suspense Direção: Franck Vestiel Elenco: Clovis Cornillac, Vimala Pons Roteiro: Franck Vestiel, Pierre Bordage Duração: 98 min. Minha nota: 7/10
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