Entrevista à organização do Festival de Valadares
Cinema

Entrevista à organização do Festival de Valadares



O Antestreia como media partner do festival de Valadares entrevistou os membros da organização que se disponibilizaram para responder a algumas questões por email.

O "Grupo das Curtas" é formado por:
  • Dr. Artur Gandra (presidente da Junta De Freguesia de Valadares, pelo segundo ano na equipa)
  • Inês Cunha (único membro do grupo original que se mantém)
  • Pedro Fernandes (entrou este ano)

    Antestreia: De onde surgiu a ideia?
    Organização do Festival de Valadares: Este projecto surgiu de dois grupos distintos, tendo por base a ideia de um evento para a dinamização da cultura na Freguesia de Valadares.
    Por um lado, a Junta de Freguesia de Valadares, através do Presidente, Dr. Artur Soeiro Gandra, que estava empenhado em organizar um festival de curtas-metragens potenciando assim o excelente equipamento existente, o Cine Teatro Eduardo Brazão.
    Por outro lado, um grupo de quatro estudantes da Escola Secundária de Valadares, liderado por Inês Cunha (actualmente estudante de Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes do Porto), sentia vontade de realizar um concurso semelhante a nível escolar. Sendo eles alunos do último ano do ensino secundário, viram a oportunidade de expandir a ideia através da disciplina de Área de Projecto, formando o Grupo das Curtas. Foi então que, através do Presidente da Escola, Dr. Álvaro Santos, tomaram conhecimento de que a Junta de Freguesia tinha um interesse comum. Consequentemente, criou-se uma parceria duradoura e de sucesso e assim surgiu a I Edição do Festival de Curtas-Metragens de Valadares.
    Na II edição do concurso mantém-se, naturalmente, a liderança de Artur Gandra, mas a organização sofreu algumas alterações no Grupo das Curtas. Três estudantes retiraram-se, ficando apenas Inês Cunha. No entanto, ao grupo juntou-se Pedro Fernandes, estudante de Economia na Faculdade de Economia do Porto. O projecto cresceu significativamente nesta II edição e essa evolução deveu-se ao esforço e trabalho incansáveis da organização, com vista a tornar o Festival uma referência não só na freguesia de Valadares, como também em todo o país.

    A: Quantas pessoas estiveram envolvidas na primeira edição? Foi a turma toda, ou só um grupo?
    OFV: Na primeira edição, além do Dr. Artur Gandra, apenas o Grupo das Curtas esteve envolvido na organização, sendo este, na altura, constituído por quatro alunos da turma de Artes Visuais do décimo segundo ano: Inês Cunha, Letícia Moreira, Lino Sousa e Tiago Bernardo.

    A: Existe algum projecto mais ousado do que fazer um festival?
    OFV:Sim. Fazer “O” festival. Queremos que quando alguém ouça falar em curtas-metragens se lembre imediatamente do Festival de Valadares. No entanto, o projecto ainda é recente e essa meta levará muito esforço e tempo a alcançar. Mas estamos no bom caminho!

    A: De certeza que não sabiam tudo o que os esperava. Quais as maiores descobertas que fizeram sobre os bastidores de um festival?
    OFV: Um dos pontos que nos surpreendeu foi o número de inscrições, especialmente nesta segunda edição. Não esperávamos receber tantas curtas e com tanta qualidade ao expandir o concurso a todo o país. Claro que esse salto levou a que o ritmo de trabalho se tornasse completamente diferente do da edição anterior, mas o resultado final foi bastante gratificante.

    A: Recomendariam a alguém?
    OFV: Sem dúvida! Em primeiro lugar, a sensação de organizar um evento para dinamizar a nossa cultura e, essencialmente, para ver os participantes e o público satisfeitos é fantástica e compensa todo o trabalho tido ao longo do ano; em segundo, ter consciência do fio condutor deste evento - vendo-o surgir de um aglomerar de ideias e dúvidas moldadas por conselhos - e sentir a sua evolução de um ano para o outro faz crescer qualquer um.

    A: A primeira edição correspondeu às expectativas?
    OFV: Sim, correspondeu. Na primeira edição restringimos a participação no festival aos alunos das escolas de Vila Nova de Gaia e Espinho com idades entre os quinze e os vinte e um, ainda assim, recebemos trabalhos muito interessantes que ajudaram este evento a ter pernas para andar.

    A: A nível de apoios e patrocínios mereceram a confiança de alguns nomes bem conhecidos como Pedras Salgadas, Grozbeckert, Sapo e Antestreia. É importante manter o festival gratuito para facilitar o acesso dos jovens e estar aberto à freguesia?
    Sim, a nosso ver, é importante que toda a gente possa assistir ao Festival sem ter de se preocupar com o preço dos bilhetes, independentemente de se tratar de jovens ou não. O nosso principal objectivo é fomentar a criatividade e expandir os horizontes culturais da população e não a obtenção de lucro.

    A: Para a segunda edição o tempo disponível não foi o mesmo e propuseram-se fazer com um âmbito mais alargado. Foi a altura certa para crescer?
    OFV:O tempo foi o mesmo, apesar de termos recebido mais do dobro das inscrições da edição anterior, o que possibilitou um aumento do nível das curtas e que nos permitiu exibir projectos de elevadíssima qualidade e profissionalismo. A altura para crescer foi a ideal. O Festival já era conhecido na cidade e surgiram pessoas interessadas em participar, mas que não o podiam fazer devido à faixa etária imposta e à restrição às escolas. Decidimos, então, expandir o concurso a todo o país e acabar com a limitação de idade.

    A: A equipa continua a ser uma parceria entre a Escola de Valadares, a Junta e o Cine-teatro?
    OFV: Não. Tem havido alguns equívocos nesta matéria que gostávamos de esclarecer. A parceria é entre a Junta de Freguesia de Valadares e o Grupo das Curtas. A Escola apenas esteve envolvida na I edição, porque o Grupo das Curtas estava a organizar o Festival no âmbito da disciplina de Área de Projecto. Na II edição já só um dos membros permaneceu (a Inês Cunha). A Escola de Valadares já não está directamente envolvida. Apenas participa com as curtas de alguns alunos, nomeadamente os do curso de Artes Visuais, e ajuda a nível logístico com alguma divulgação. No entanto, o apoio da mesma é muito importante, tal como foi a do Antestreia, do Pelouro da Cultura, da revista Time Out, da FNAC e do Sapo Cinemas. Quanto ao Cine-Teatro Eduardo Brazão, o espaço é cedido pela Gaianima. É mais um dos apoios com o qual podemos contar.

    A: A nível de audiências está a corresponder às expectativas?
    OFV: Sim. Claro que gostávamos de ter a sala lotada, mas quem não gostaria? Mesmo nos festivais com mais experiência e exposição isso é difícil. Para um evento que vai apenas na II edição estamos muito satisfeitos com o nível de audiências. No entanto, queremos diversificá-lo um pouco mais. Queremos continuar a ter muitos jovens a assistir, mas queríamos também atrair pessoas mais velhas e mostrar que o Festival de Curtas-Metragens de Valadares é um evento para todas as idades. A arte não se cinge só à pintura, à escultura ou à música e é isso que queremos mostrar ao público!

    A: O público-alvo é formado por estudantes. Conseguem manter-se mais calados na sala de cinema do que na de aulas?
    OFV: Isso é sempre complicado. Basta ir ao cinema para o comprovar (risos). Mas também não queremos que as sessões sejam maçadoras. Desde que mantenham um nível aceitável e não incomodem os que estão à sua volta não há problema. Até queremos que comentem entre si as curtas e a própria organização do Festival para mais tarde poderem dar sugestões que nos ajudem a melhorar. Esse, aliás, é, a nosso ver, um dos pontos fortes desta organização! Mantivemo-nos sempre muito próximos dos concorrentes e da audiência para tentar perceber o que gostaram e o que acharam que podia ser melhorado. É com a ajuda de todos que o Festival vai crescendo.

    A: A maioria dos festivais de cinema considera-se para um público universitário e jovem adulto. Tendo essa restrição etária a selecção dos filmes tem alguma limitação temática, ou alguma orientação específica?
    OFV: Não. Na nossa opinião, isso seria limitar a criatividade, que é exactamente o oposto do que pretendemos! Queremos que os concorrentes se atrevam a fazer algo novo, a arriscar e que não se limitem. Todos beneficiam!

    A: Já agora quem fez a selecção dos filmes?
    OFV:A selecção foi, nas duas edições, feita pela organização, numa primeira avaliação do cumprimento do regulamento, e o júri, que nesta edição sofreu alterações, sendo composto pelo Dr. Artur Gandra (Presidente da Junta de Freguesia de Valadares e membro da organização), pelo Dr. Jorge Castro Ribeiro (Musicólogo e director artístico do Coliseu do Porto), pelo Dr. Manuel Filipe (Director dos auditórios de Gaia) e por Pedro Fernandes (Estudante e membro da organização). Na edição anterior fizeram parte do júri, além dos acima referidos (com excepção de Pedro Fernandes), Inês Cunha (Estudante e membro da organização), Dr. Joaquim Pimenta (Professor de Artes Visuais) e Rui Poças (Cineasta).

    A: Qual a vossa relação com os restantes festivais nacionais?
    OFV: Para já ainda não estabelecemos contacto com nenhum dos outros festivais de curtas-metragens, mas é um ponto que queremos melhorar na próxima edição. A nosso ver, tendo em conta o crescimento que o Festival teve nesta edição, é importante integrarmo-nos no círculo de festivais nacionais.

    A: Como imaginam a décima edição deste festival e quem estará cá?
    OFV: Na décima edição já contamos com a presença do Steven Spielberg, do Woody Allen e do Jerry Bruckheimer (risos)! Na verdade, esperamos contar com alguns dos nomes mais importantes do cinema em Portugal como Manuel de Oliveira, Joaquim de Oliveira e novamente Rui Poças. Esperamos também poder realizar mais sessões e até dividi-las por temáticas, dependendo dos projectos que recebermos. Mas acima de tudo, o importante é que o Festival tenha uma décima edição e que todos continuem a divertir-se com o óptimo cinema que se faz no nosso país! Esperamos estar cá por muitos mais anos e, se possível, dar aquele primeiro empurrão a alguns participantes, para que se tornem referências no mundo da sétima arte!
    Gostávamos ainda de agradecer mais uma vez todo o apoio do Antestreia. Foi uma ajuda preciosa e esperamos poder contar convosco nas próximas edições!

    E o Antestreia agradece o convite para um festival que desconheciamos e a disponibilidade para responder a estas questões. Para o ano lá estaremos a acompanhar um festival que se espera cada vez maior e melhor.



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