Antestreia: Como se começa um festival do zero? O que é preciso?
Francisco Ávila: Acima de tudo tem que se gostar de cinema e ter vontade de partilhar esse prazer com os outros. Tem que se partilhar os mesmos valores e forma de estar na vida. Temos de estar dispostos a dar de nós sem esperar outra recompensa, senão a promoção das curtas-metragens. Não se pode ter motivações económicas.
A: Quem está por trás da organização deste evento? Quantas pessoas estão na equipa?
FA: Francisco Lobo de Ávila e Elsa Santos Costa. O Porto7 neste momento tem uma equipa de 20 pessoas.A: Toda essa gente, as festas e os convidados estrangeiros custam dinheiro. Sem venda de entrada alguma, quais as fontes de rendimento do festival?
FA: O Festival realiza parcerias com algumas entidades e o restante é investido pela organização do Festival.
Proporcionar o prazer de ver curtas-metragens, mostrar que as curtas-metragens não são só para alguns e potenciar a realização deste tipo de filmes, aliado ao convívio e troca de ideias que pudemos observar entre e após as projecções, é o preço do investimento.
A: O Grande Porto é rico em festivais. Qual é o lugar que o Porto7 pretende ter no panorama cinematográfico local/nacional? Ser gratuito causará alguma diferença para bem ou para mal?
FA: O Festival Porto7 é um Festival Internacional de curtas-metragens e como tal a nossa preocupação não é local/nacional. O Porto7 teve uma participação nacional na casa dos 10% em mais de 350 filmes oriundos de todo o mundo.
O ser gratuito proporciona cultura audiovisual a toda a gente. Se isso causa alguma diferença para o bem ou para o mal, não será certamente para o público que agradeceu esta iniciativa.
A: A primeira metade do ano está cheia de festivais na região. Em Fevereiro/Março o Fantas, em Abril Black & White, em Maio ESAP, em Junho Porto7 e em Julho Vila do Conde e Avanca. Todos os meses um festival, não é demasiado?
FA: Tomara eu que houvesse um Festival de Cinema todas as semanas. Nunca é demais ver bons filmes com tanta diversidade cultural.
A: De onde surgiu a ideia de fazer o festival num museu? Qual é o público-alvo?FA: O Porto7 escolheu o Museu Nacional de Soares dos Reis porque pretendeu mostrar a todos os que nos visitam um dos vários locais com muita história da cidade do Porto. Atravessar diversas salas de um museu para chegar a um auditório e ver curtas-metragens, não é todos os dias.
Nesta edição foi possível observar o nosso público-alvo, tivemos desde punks a professores catedráticos a conviver no mesmo espaço reunidos pelas curtas-metragens.
A: O calendário é móvel e tem utilizado os feriados para atrair pessoas. Do ano passado para este notou-se alguma diferença a nível de público?
FA: Os feriados podem ser uma vantagem ou desvantagem. As pessoas podem ficar na cidade ou podem optar por ir para fora. Não é um factor decisivo na escolha da data do Festival, por norma o mês de Junho é um mês rico em feriados.
O Porto7 nasceu o ano passado e é natural que este ano o público tenha aumentado.
A: As novas secções terminam por aqui ou haverá mais surpresas para o ano? E o local?
FA: O factor surpresa é sempre interessante mas deixa de o ser se for revelado…
A: O festival está a dar os primeiros passos e seguramente muitas experiências serão feitas. A categoria de filmes sobre o Porto tem sido muito discreta, mas o genérico mostra a Ribeira. Continuará a ser um festival marcadamente tripeiro e portuense?
FA: O Festival Porto7 pretende projectar o Porto no Mundo, como tal continuará a promover a sua cidade de origem.
O Festival Porto7 é um festival internacional que se realiza na Cidade do Porto, por isso não deixa de ser portuense.