Cinema
ESPECIAL: Primeiro Balanço de Fabricio Duque
A experiência de se vivenciar uma maratona cinematográfica, caso especial do atual Festival do Rio, é sem dúvidas sentir, sensorialmente, uma atroz crueldade, principalmente aos cinéfilos ávidos por novidades em filmes. Mas não só para o público que se encontra em um grande labirinto ?encantado? (ficando preso em algumas ?saídas? e descobrindo ?atalhos? muito bem-vindos). Os realizadores ?sofrem? também. Representa-se uma grande teoria de Darwin. Os mais fortes sobrevivem. Em meio a tantos diferentes estilos, tantas narrativas e tantos desprendimentos do mundo real, não é possível ?lembrar? de um filme ?mais ou menos? quando se tem a epifania de uma obra-prima. O processo é assim: ficamos intolerantes com ?peso médio? e partimos a uma jornada ?WHIPLASH? (incrivelmente satisfatório ? temos até uma inferência a ?Os Monstros?, da Alumbramento Filmes) de ser, motivando nossas loucuras ?Cisne Negro?.
Muita coisa já foi assistida até agora pelo Vertentes do Cinema. O ?vertente? Philippe Torres já fez até um balanço parcial. E o outro ?vertente? envolvido com edições de vídeos e corre-corre. Não justifica, nós sabemos. Então, aqui, um resumo parcial (com pílulas opinativas ?rapidinhas?) do que ?está rolando? ou o que ?já rolou?. O ?já? do Fabricio Duque, o leitor-espectador-cinéfilo encontra agora.
O Festival do Rio começou com o ?assumido? infanto-juvenil de ?final feliz?, ?MARIA E O HOMEM-ARANHA?, da Mostra Geração, seguido do ?inicialmente estranho que ganha interesse e curiosidade?, ?EM BUSCA DO SENTIDO DA VIDA?, sem esquecer a ?perfeição magna? já assistida anteriormente, ?MAPAS PARA AS ESTRELAS?, do mestre David Cronenberg. Neste momento, a aventura cinéfila fica mais ?divertida?. Próxima parada: Cinépolis Lagoon, a ?casa? da Première Brasil para conferir a estreia na direção de Alceu Valença em ?A LUNETA DO TEMPO?, uma ?fábula musical do sertão de cadência ?cordelista? narrativa?, terminando o dia com o primeiro longa-metragem da mostra competitiva de ficção, ?O FIM E OS MEIOS?, uma ?aventura pelos bastidores de Brasília e que o espectador precisa, realmente, assistir de peito aberto?. No outro dia, os filmes de ?nota alta? (já com críticas completas), ?DESERTO AZUL? e ?PROMETO UM DIA DEIXAR ESSA CIDADE?.
Também assistido anteriormente, o leitor não pode deixar de assistir os excelentes ?FRANK?, ?O SAL DA TERRA? e ?STATIONS OF THE CROSS?. De jeito nenhum. Esses são presentes fornecidos pelo universo cinematográfico nosso de cada dia. Seguindo adiante, encontramos o novo de Christophe Honoré, ?METAMORFOSES?, uma ode à cinefilia Eric Rohmer de ser; ?CORAÇÕES FAMINTOS?, um filme que vai do nada ao tudo, do superficial ?fofinho? à loucura idiossincrática? e ?DAVID BOWIE IS?, um passeio pela exposição que também aconteceu no MIS SP. E quando nossa percepção achava que não encontraríamos outro melhor, eis que surge a obra-prima das obras-primas, ?AUSÊNCIA?, de Chico Teixeira, diretor de ?Casa de Alice? corrobora sua maestria em contar uma história, gerando o nascimento de uma ator completo MATHEUS FAGUNDES, assim mesmo em caixa alta. Também teve ?OBRA? (com crítica completa), filme que divide opiniões subjetivas e que tem o trabalho de desenho de som ?mais-que-perfeito? de Fabio Aldo. Logicamente, em um festival, somos surpreendidos com filmes não muito bons. É o caso de ?FANTASIA?, uma narrativa desequilibrada e ingênua demais.
Eis que surge ?GAROTA EXEMPLAR?, novo filme de David Fincher, que não perde a mão nunca. É surpreendente a forma como conduz o espectador as suas ideias. Já estreou no circuito tradicional (fora do Festival do Rio). Seguindo, ?STEREO?, uma experiência sensorial ?Drive? de ser e de esquizofrenia narrativa, ?afaga? positivamente o ?querer? já ?de expectativa alta? do cinéfilo (já ?intolerante?). Tem também ?LAND HO!?, ?o fofinho cut-cut?, com produção de David Gordon Green, um filme ?despretensioso?, ?delicioso? e com possibilidades ?turísticas? (de conhecer a Islândia). E mais uma vez a ?viagem? ao Cinépolis Lagoon acontece em 15 minutos. Tudo para conferir o fantástico ?CAMPO DE JOGO?. Depois corria a outro fantástico ?SEEWATCHLOOK - O QUE VOCÊ VÊ QUANDO OLHA O QUE ENXERGA?? e depois outro fantástico ?O FIM DE UMA ERA?. Fim da PARTE UM.
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