Especial Alain Robbe-Grillet no Fantas
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Especial Alain Robbe-Grillet no Fantas



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Para a maior parte dos cinéfilos Robbe-Grillet é sobretudo conhecido pelo fantástico argumento de “No Ano Passado em Marienbad”, dirigido por Alain Resnais e vencedor do Leão de Ouro de Veneza. História labiríntica pelos percursos da memória, o jogo de Marienbad tornou-se um dos mais curiosos desafios matemáticos que subverte a própria ideia de jogo uma vez que o primeiro a jogar ganha sempre. O filme fez furor tornando Resnais um dos mais prestigiados realizadores franceses à margem da nouvelle vague e despertando o interesse pela obra deste escritor.

Robbe-Grillet é a par com Marguerite Duras, um dos grandes nomes da literatura francesa, criadores e chefes de fila do movimento do nouveau roman e curiosamente ambos cederam à tentação irresistível de passar da escrita para o ecrã.
Figura ímpar de um tempo em que o cinema francês era o farol da cultura, a obra deste escritor-cineasta tem a marca inconfundível de autor. Com uma escrita densa mas poética, uma atração pelo universo onírico e surreal, sempre no limiar do fantástico e com um toque de erotismo chique, Robbe-Grillet tornou-se um dos mais interessantes directores de culto das décadas de 60 e 70.

Nascido em Brest em 1922 e de formação científica, aos trinta anos muda de rumo e envereda por uma carreira literária com “Les Gommes”, a sua obra de estreia. A colaboração com Alain Resnais abre-lhe as portas da fama, mas Grillet sempre preferiu ser ele próprio o realizador dos seus argumentos. A sua filmografia de apenas dez longas-metragens é composta por “L’Immortelle”, “Trans-Europ-Express”, “L’homme Qui Ment”, “L'éden et après”, “N. a pris les dés...”, “Glissements progressifs du plaisir”, “Le jeu avec le feu”, “La belle captive”, “Un bruit qui rend fou”, “Gradiva”. Em todos eles essa visão singular de um cinema onde a palavra é rainha, onde o estilo marca a diferença e a imagem seduz o espectador enquanto o provoca nos seus desejos mais íntimos e preversos. Robbe-Grillet teve a felicidade de distribuição comercial em Portugal logo após o 25 de Abril, quando o fim da censura permitiu o acesso aos seus filmes sem cortes. O Fantasporto vai homenagear este autor mítico, mas hoje quase ignorado, no que vai ser uma viagem ao passado quando o cinema francês era feliz.

Para uns é arte, para outros pode ser pornografia. Certo é que ninguém fica indiferente e isso é o melhor do cinema.



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