FantasPorto em Risco de Vida
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FantasPorto em Risco de Vida


 
A polémica instalou-se esta semana, quando a Revista Visão publicou um artigo de investigação intitulado ?Fantasporto: O Thriller Financeiro?, onde acusa Mário Dorminski e Beatriz Pacheco Pereira de terem praticado diversas irregularidades na gestão da Cinema Novo e do FantasPorto, incluindo: prestação de declarações falsas relativamente a impostos e aos números de espectadores do festival; duplicação ilícita de faturas e falseamento de alguns documentos; uso indevido de verbas da Cinema Novo para fins estritamente pessoais. Não foi preciso esperar muito tempo para termos em mãos uma reação pessoal de Mário Dorminski, que enviou um comunicado público à Agência Lusa, a negar todas as acusações que são feitas pela Visão, que mantém até hoje todas as acusações que são feitas nesse controverso artigo, que nos últimos dias ganhou o importante apoio de vários ex-colaboradores da Cinema Novo e do FantasPorto. Seria imprudente tecer qualquer juízo de valor ou tomar qualquer partido sobre as posições de ambas as partes nesta altura do campeonato, já que todos os factos alegados pela Cinema Novo e pela Visão ainda têm de ser devidamente confirmados e corroborados por uma entidade parcial e digna que, em princípio, será a Inspeção Geral das Atividades Culturais e Autoridade Tributária Aduaneira do Departamento de Finanças, que irá agora dar início a uma investigação criteriosa às denúncias de ilicitudes e anomalias financeiras no seio da Cinema Novo e do FantasPorto. É por isso que só dentro de alguns meses é que toda a verdade (ou grande parte dela) será revelada, mas para já não é prudente tecer qualquer julgamento moral ou intelectual sobre as ações de qualquer uma das partes envolvidas neste complexo caso, que muito provavelmente irá parar, mais cedo ou mais tarde, aos tribunais. Não vale portanto a pena falar, pelo menos para já, de meras alegações aludidas em praça pública, mas importa sim falar do futuro do FantasPorto, que é claramente a maior vítima deste caso.
A imagem nacional do festival já não era a melhor, mas agora ficou manchada de vez, porque todas as suspeitas levantadas pela Visão não deverão cair por terra assim tão cedo, mesmo que se revelem falsas. A suspeição vai sempre pairar sobre o FantasPorto, que agora vive uma situação muito mais complicada que aquela que se verificava à alguns meses atrás que, já de si, era muito complicada e complexa, quer a nível financeiro, quer a nível institucional ou cultural. A única coisa que importa em toda esta situação é o FantasPorto, que não pertence ao Porto ou à Cinema Novo, mas sim a Portugal e a todos os Cinéfilos. Será que se já esqueceram disto? A triste realidade é que este icónico festival nacional está em sério risco de acabar, porque está em vias de perder toda a credibilidade que ainda lhe resta, perdendo com ela todos os valiosos apoios financeiros e culturais que ainda mantêm o festival de pé. Um festival tão histórico e icónico como o FantasPorto não merece um fim assim tão súbito, obscuro e triste. As pessoas do Porto, do Norte e de Portugal precisam de um FantasPorto melhor e livre de dúvidas. Os cinéfilos nacionais merecem um festival à sua altura. É verdade que o Norte tem vários festivais de grande valor, como o Curtas Vila do Conde, o Porto7, o FEST ou o Avanca, mas o FantasPorto é o único que, a nível mediático e internacional, consegue rivalizar com os maiores festivais lisboetas e nacionais, como o IndieLisboa, o Lisbon & Estoril Film Festival, o MOTELx, o Queer Lisboa ou o DocLisboa. O FantasPorto é, por isso, essencial para a cultura do norte, mas também para a identidade cultural nacional, porque um festival com tantos anos de história não cresceu e evoluiu sem a influência de toda uma nação, que não só admira, como também respeita imenso o legado cultural deste certame, que já quebrou imensas barreiras sociais e culturais no nosso país. O rumo que o FantasPorto tem vindo a adotar nos últimos anos é preocupante, tão preocupante como esta onda de publicidade negativa, que parece vir confirmar que, se calhar, este festival portuense precisa de melhorar e mudar muitas coisas para sobreviver, resta agora descobrir que coisas são essas que têm de mudar. Eu tenho uma ideia bem concreta do rumo que o festival deve tomar para sobreviver, mas é claro que não me cabe só a mim ter ideias. Vamos esperar e aguardar o que os próximos meses têm reservado para o FantasPorto, mas parece claro que a sua Edição de 2014 está em sério risco.



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