Campinas/SP A Moviecom administra cinemas nos Estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará, São Paulo e Rio Grande do Norte. No estado de São Paulo, são dois complexos na Capital e mais um em oito cidades do interior (veja no site) que exibem os tradicionais blockbusters e filmes nacionais. Em comum com as demais salas de shopping da Capital é o estilo Stadium (poltronas com inclinação semelhante à das arquibancadas, proporcionando maior proximidade com a tela), o som digital e as telas com cerca de 20 metros de comprimento.
Presidente Prudente/SP As semelhanças, porém, acabam aí. Para os dois complexos da Capital, Passos Neto e equipe decidiram equipar as salas com detalhes particulares, como o revestimento em gesso do teto que, segundo ele, permite uma melhor distribuição de som. Cada sala tem uma coloração diferente e há ainda uma especial para crianças e adolescentes, equipada com paredes e poltronas coloridas, com assento infantil. Outro diferencial são as máquinas para auto-atendimento, que funcionando como caixas eletrônicos de bancos, permitem que o espectador compre seu ingresso antecipadamente sem entrar na fila das bilheterias.
Máquina de auto-atendimento Aos 39 anos, ele representa a terceira geração da família. Seu avô, José João Passos, iniciou o negócio em 1926, quando se uniu a Azor de Araújo para fundar a Araújo & Passos, empresa de distribuição de filmes que se instalou na cidade de Botucatu. ?Ali era uma região estratégica, pois havia entroncamento de linhas de trem, que era então o meio de transporte mais rápido e seguro?, conta Passos Neto. ?Praticamente todas as distribuidoras americanas tinham escritório em Botucatu, o que facilitava controlar mais de cem cidades em todo o interior paulista, o norte do Paraná e ainda cidades de Mato Grosso.?
O movimento era intenso a cada dia, passavam pela cidade latas com negativos de pelo menos um filme. ?Nossa empresa era uma das oito distribuidoras de filmes que o Brasil tinha na década de 1930?, comenta Ronaldo Passos, pai de Passos Neto e ainda atuante nos negócios da empresa. Ele, que gosta de brincar dizendo que nasceu em uma lata de negativos, relembra da grande expectativa provocada pela chegada de filmes como as chanchadas de Oscarito e Grande Otelo. ?Até o início dos anos 60, os longas nacionais eram engraçados e de fácil compreensão, portanto eram muito aguardados?, conta. ?Já os filmes do cinema novo não tinham tanta repercussão.? A empresa acompanhava os bons ventos trazidos pelas comédias brasileiras e, em 1946, a Araújo & Passos começou a trabalhar também na exibição cinematográfica.
As primeiras salas foram abertas em cidades como Tietê (SP) e Cornélio Procópio (PR), entre outras. ?Curiosamente, nunca tivemos um cinema em Botucatu, apesar de ser nela, a sede da empresa?, conta Passos Neto.
Nos anos 60, Gilberto Araújo e Ronaldo Passos, a segunda geração das duas famílias, assumiu os negócios, que começaram a apresentar problemas a ponto de, no final da década seguinte, a empresa parar com a distribuição de filmes e ficar apenas com a exibição.
A situação se agravou na década de 80 quando a proliferação do videocassete aumentou a crise do negócio de exibição, obrigando a Araújo & Passos, assim como diversas empresas da área, a se desfazer de grande parte de suas salas. Foi nesse momento, nada oportuno, que Passos Neto começou a trabalhar no grupo.
A revitalização começou na década seguinte. Em 1996, a Araújo & Passos se separou e foi fundada a Cinematográfica Passos, que utilizou o nome de Circuito Passos. ?Percebemos que era necessária uma adequação às novas tecnologias?, conta Passos Neto que, com o crescimento do número de salas em shoppings, se associou à Movieplex Cinemas.
Campinas/SP O último passo aconteceu no ano passado, quando a Circuito Passos passou a se chamar Moviecom Cinemas, nomenclatura mais atraente e de acordo com o conceito moderno que hoje impera nas grandes redes. Mesmo com as inovações, Passos Neto insiste em um gerenciamento familiar ? além do pai, também a irmã arquiteta participa dos negócios, projetando as novas salas. ?Pretendemos oferecer ao público as facilidades tecnológicas embrulhadas em um clima mais próximo, bem familiar?, conta Passos Neto, que já negocia com outros shoppings paulistanos a extensão de seu conceito de oferecer cinema.
Texto do jornal ?O Estado de São Paulo? de 07/10/2004, com inclusões de Antonio Ricardo Soriano.