O Cinema tornou-se uma proveitosa fonte de rendimento para muita gente. Excepto no modelo de negócio vertical da Pathé que produzia, distribuia e projectava monopolizando os lucros, começou a haver uma sede pelo dinheiro gerado ao longo da cadeia. Nos Estados Unidos, quase exclusivamente focado no mercado interno, ocorreu uma violenta luta pelo poder. O aparecimento dos Nickeodeons - salas onde se pagava um níquel para ver quinze minutos de filmes - com imensa publicidade nos jornais generalizou as idas ao cinema como fenómeno de massas. Era barato, divertido e dos poucos espectáculos onde os lugares sentados eram para todos. Como as pessoas iam muito ao cinema os filmes tinham uma permanência mais breve, de dias, e em vez de serem vendidos para exibição constante começaram a ser alugados e a fazer um circuito alargado.
As patentes americanas de câmaras pertenciam a Thomas Edison ou à Biograph, detentores de todos os modelos disponíveis. A sede de monopólio de Edison levou-o a impor aos produtores que não usassem nenhum câmara além das dele ou seriam processados por violação de patente. Isso fez com que as companhias pequenas de material fechassem e a produção nacional fosse reduzida. Quem ganhou com isso foram os europeus (franceses e ingleses) que exportavam os filmes para um enorme mercado. Quando os titãs americanos (American Pathé incluida) acalmaram e se uniram a Edison na Motion Pictures Patents Company (MPPC) a indústria começou a florescer em torno de New Jersey. Mais tarde a Biograph conseguiu entrar para o grupo. As diferenças de funcionamento com a MPCC foram enormes: Acabou a venda sendo o aluguer a única forma de ter direitos de projecção sobre um filme. Acabando o período contratado voltava à origem que validava se estava em condições de ser novamente exibido. Com isso as projecções tiveram uma enorme melhoria qualitativa. O aluguer era feito por um valor padrão, não distinguindo grandes de pequenos e a qualidade tornava-se o factor distintivo. Como todo o material pertencia à MPCC - película Kodak, máquinas e projectores dos outros - e acordaram entre si apenas trabalharem entre eles, criaram um bloco indestrutível desde a filmagem até à projecção. Houve ainda uma campanha contra as longas-metragens, formato menos rentável.
Os estúdios revoltados contra o oligopólio fugiram para a ponta oposta do país, na solarenga Los Angeles. Um local chamado Hollywoodland começou a concentrar todos os estúdios independentes que depressa controlavam metade da produção exibida. Quando a Kodak começou a fornecer ambos foi o início do fim do sonho de Edison.
A Star Is Born
Devem estar a pensar que chega de falar de realizadores, de patentes e de estúdios. Onde estão os actores? Pois foi precisamente aí que tudo começou. Na altura os actores tinham medo de dar o nome num filme porque poderiam ficar mal vistos no teatro. Aém disso as curtas feitas era quase descartáveis e nenhum produtor queria pagar fortunas a estrelas conhecidas, era preferível que permanecessem anónimas. Uma jovem de nome Florence Lawrence trabalhou para Edison, Vitagraph e Biograph, tudo companhias do MPCC. Curiosidade: foi a primeira Julieta em cinema. Quando em 1909 saiu para procurar emprego numa outra companhia, foi ostracizada por se juntar aos independentes. Carl Laemmle, um produtor que tinha tudo a sua quota parte de problemas com o Motion Pictures Trust - gangsters sabotavam-lhe o equipamento e atacavam as equipas - anunciou a morte de Miss Lawrence atropelada por um eléctrico. A imprensa seguiu o escândalo e quando Laemmle veio a público dizer que a "Biograph Girl" seria a estrela no seu próximo filme, todos sabiam quem ela era. Tinha o mundo a seus pés. Em Março de 1910 Lawrence fez a primeira aparição pública para apresentação de um filme e começou a ter um custo superior. Depressa os outros estúdios foram atrás, divulgando os seus actores mais vendáveis e utilizando o seu nome em publicidade. Pouco depois apareceram os fãs:
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