por João Luiz Vieira
São Paulo, em algum momento das férias de verão de 1962. Como sempre acontecia, lá estávamos, meu irmão, minha mãe e eu, aproveitando as férias do início do ano entre o sítio dos meus avós nas cercanias de Vila Galvão, então área rural dos arredores da capital e o centro da cidade, onde moravam um tio e primos. A ida aos cinemas do centro era, como sempre, o programa obrigatório quando, a pé, e numa área relativamente pequena, cobria-se um trecho onde se encontravam verdadeiros palácios de cinema, maiores e mais luxuosos do que os que conhecíamos no Rio de Janeiro.
Sistema "Cinerama" com três projeções simultâneas .
Ipiranga, Art-Palácio, Paissandu, República, Windsor, Normandie, Olido, Marrocos... os nomes evocavam grandiosidade, exotismo e fausto. Mas nenhum deles oferecia os prazeres da experiência sensorial possibilitada pelo
Cine Comodoro, situado na Av. São João 1462, que, desde sua inauguração em agosto de 1959, exibia filmes no formato Cinerama e atraía verdadeiras multidões para suas sessões, alardeadas na sua fachada de colunas em pastilhas, como ?o espetáculo que revolucionou o mundo das diversões?. A certeza de estar vendo algo completamente novo em termos de imagem e som só possível naquele cinema, era prometida pela publicidade impressa dos anúncios de jornal que advertia ser aquele espetáculo ?exclusivo do
Cine Comodoro... em nenhum outro lugar da cidade, do estado, do Brasil, você poderá vê-lo!?.