Cinema
Michael Haneke ganha o Prêmio Príncipe das Astúrias e diz que gosta do incomodar
O diretor Michael Haneke venceu o prêmio espanhol Príncipe das Astúrias das Artes, um reconhecimento de seu ofício como cultura em uma época na qual se glorifica o êxito de bilheteria. Histórias incômodas, que falam de "coisas que causam temor e que desafiam o espectador", essa é a arte de Michael Haneke. "Para o cinema como tal, é muito formoso aparecer também nesta alta sociedade de cultura e ciência, porque hoje a maior parte do cinema é somente mainstream e isso não pode ser considerado como cultura", disse Haneke sobre o prêmio, que será entregue para ele em outubro no Teatro Campo amor de Oviedo, capital de Principado das Astúrias.
Nesse debate entre cinema como cultura ou como indústria, entre qualidade e bilheteria, Haneke tem sua resposta. "Um país deve refletir se quer cultura ou não. E a cultura, hoje em dia, não pode ser mantida sem subsídios. Se quiser o cinema como um produto comercial, é possível fazer como os EUA, mas então os filmes têm outro objetivo. Um cinema de massa não necessita de subsídio, mas também não é um produto cultural, mas sim econômico".
O próprio Haneke tem consciência de que seus filmes não são fáceis de serem contemplados ao colocar o público perante situações limite. "Não se trata de fazer com que o espectador deixe de olhar. Mas, às vezes, há realidades que são difíceis de suportar e, quando são mostradas de forma dura, pode ser que alguém não aguente", analisa o cineasta. Haneke afirma que "esse encontro com a verdade é sempre doloroso. "Essa é a essência do drama desde suas origens; desde a tragédia grega, o drama não trata de coisas agradáveis", diz.
"O cinema é drama, e o drama vive do conflito. Se um não se faz comédia e se ocupa de coisas sérias, tem que saber falar das coisas que nos aterrorizam. A violência na sociedade é uma dessas coisas que nos dão medo", explica sobre um dos eixos de sua obra. "Antes de mais nada, sou alguém que trata de fazer bons filmes", sintetiza o diretor. "Quando com um filme ou um livro consegue fazer com o que o povo faça uma reflexão ou se sensibilizem por uma tarde, então já ganhamos bastante", disse.
Ainda falou sobre o seu último filme, "Amor", e seus vários prêmios que recebeu (mais de 30 desde sua estreia em Cannes no ano passado), Haneke explica entre risos que foi "muito gratificante", mas já é hora de "produzir algo para voltar a ganhar dinheiro". "O motivo de fazer o filme é como enfrentar um sofrimento de uma pessoa que se ama", explica.
loading...
-
Michael Haneke Com Novo Filme Na Calha
O consagrado cineasta austríaco Michael Haneke, vencedor de duas Palmas de Ouro por "The White Ribbon" e "Amour", revelou durante uma pequena conferência de imprensa em Madrid, que já está a preparar um novo projeto e que até já tem um argumento...
-
European Film Awards 2012 - Vencedores
O magnífico drama "Amour", de Michael Haneke, foi o grande vencedor dos European Film Awards 2012. Este novo trabalho do veterano Michael Haneke levou para casa os prémios de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Ator e Melhor Atriz. "Tinker Tailor...
-
Festival De Cannes 2012 - Vencedores
A 65ª Edição do Festival de Cannes terminou com a entrega da Palma de Ouro ao comovente drama "Amour", de Michael Haneke. Após ter deslumbrado o Festival de Cannes em 2009 com "The White Ribbon", Haneke voltou a deixar de boca aberta o público deste...
-
Entrevista Com Henrique Dantas
Henrique Dantas é baiano, diretor do filme "Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano" grande vencedor do Festial In-Edit deste ano e que por isso abriu a "edição" Soteropolitana do festival. Eu tive alguns minutos de prosa com ele que resultou...
-
Onde Não Fazer Cortes
O ministro grego da cultura ficou um bocado perplexo com o facto de Portugal não ter alguém na sua posição. Algumas das declarações feitas estão alinhadas com o que qualquer um diria: “O nosso país não cria apenas muitos benefícios através...
Cinema