O Aborto dos Outros estréia 5 de setembro
Cinema

O Aborto dos Outros estréia 5 de setembro


O Aborto dos Outros estréia em 5 de setembro,
em São Paulo e Rio de Janeiro


Documentário sobre aborto de Carla Gallo foi premiado com uma
Menção Honrosa no Festival É Tudo Verdade 2008


O Aborto dos Outros é um filme sobre maternidade, afetividade, intolerância e solidão. A narrativa percorre situações de abortos realizados em hospitais públicos - previstos em lei ou autorizados judicialmente - e situações de abortos clandestinos. O filme mostra os efeitos perversos da criminalização para as mulheres e aponta a necessidade de revisão da lei brasileira.

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Após três anos de pesquisas, a diretora Carla Gallo reuniu uma equipe para documentar por um período de cinco meses o drama de inúmeras mulheres que estavam prestes a interromper sua gravidez. Estas interrupções, autorizadas pela lei, enquadram-se nas únicas situações permitidas pelo Código Penal brasileiro: casos de estupro ou risco de vida para a mãe. Existe ainda uma terceira situação, eventualmente autorizada judicialmente, que diz respeito às gestações em que uma má formação do feto compromete a sua sobrevivência fora do útero da mãe.

Estreante na direção de longas-metragens, Carla Gallo registrou ainda depoimentos de outras mulheres que recorreram ao aborto clandestino, além de profissionais da área da saúde, em diferentes locais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Através de todos os relatos é possível traçar um amplo painel sobre os diferentes motivos que levam as mulheres a essa decisão, bem como as questões morais e religiosas envolvidas.

O filme acompanha, por exemplo, o caso de uma menina de 13 anos desde seu depoimento à assistente social relatando o abuso sexual que sofrera até a interrupção, detalhando toda a espera no quarto do hospital ao lado de sua mãe, bem como os procedimentos médicos efetuados. Uma outra mulher está no sexto mês de gestação e ouvimos o diagnóstico dado pelo médico: o bebê tem problemas seríssimos de má formação que não lhe dão chance de sobrevida após o nascimento.

A maioria dos abortos no país acontece, no entanto, na clandestinidade: em casa, em clínicas ou com o auxílio de uma “mãe de anjo”. Três depoentes no documentário contam experiências em que recorreram a drogas abortivas ou ao auxílio dessa “profissional”.

Em meio aos casos concretos de mulheres que vivem esta situação limite, o filme O Aborto dos Outros revela que 70 mil mulheres morrem por ano no mundo em função de aborto inseguro e que no Brasil, uma em cada quatro gestações é interrompida voluntariamente, totalizando mais de um milhão de abortos clandestinos por ano.

A punitiva lei brasileira não impede na prática que mulheres realizem o aborto. É justamente esse o ponto nevrálgico da discussão: mulheres que decidam interromper sua gestação continuarão a fazê-lo, nas condições que encontrarem, com ou sem atendimento adequado.

A dramática conseqüência da criminalização são os efeitos perversos para as mulheres, como o alto índice de mortalidade materna ou as graves seqüelas de procedimentos clandestinos, indicativos alarmantes de um dos maiores problemas de nosso país na área da saúde pública.

O Aborto dos Outros estreou no 13º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (2008), na mostra competitiva, em que levou a Menção Honrosa “pela corajosa abordagem, pela pertinência temática e sensibilidade narrativa”.

O documentário também foi selecionado para a mostra paralela do 36º Festival de Gramado (2008).

Sobre o aborto, no mundo:

Segundo a Organização Mundial de Saúde, anualmente, 75 milhões de gestações são indesejadas, o que indica que 35 a 50 milhões de abortos são induzidos; destes 20 milhões são abortos inseguros. Esses abortamentos causam graves complicações reprodutivas a milhares de mulheres, visto que são feitos em condições precárias sem o mínimo de suporte técnico de qualidade. Deste modo, 70 a 80 mil mulheres morrem por complicações devido ao aborto inseguro, sendo que 95% destes ocorrem em países em desenvolvimento (World Health Organization. Unsafe Abortion, 1998). Isto é, 13% das mortes maternas se devem ao aborto inseguro. O número aumenta na América Latina, onde o abortamento inseguro é o determinante de 21% das mortes maternas (World Health Organization. Unsafe Abortion, 1998).


Sobre o aborto, no Brasil:

No Brasil, o aborto inseguro é responsável por 250 mil internações no Sistema Único de Saúde para tratamento de suas complicações, sendo a curetagem pós-abortamento o segundo procedimento obstétrico mais realizado no serviço de saúde pública. O que quer dizer que a mortalidade materna por aborto inseguro é bastante significante no Brasil. Em algumas cidades, o aborto inseguro está entre as cinco primeiras causas de mortes maternas, sendo que em Salvador, desde o início da década de 90, é a primeira causa de mortalidade materna anualmente (The Alan Guttmacher Institute, 1994 / Ministério da Saúde).

No Brasil, vigora ainda o Decreto-Lei de número 2.848, de dezembro de 1940, segundo o qual apenas em duas situações o abortamento é permitido: em casos de estupro ou quando há risco de vida para a gestante. Em 1991, foi elaborado por Eduardo Jorge e Sandra Starling, então deputados, um novo projeto de lei (de número 1.135), que descriminaliza o aborto. Se fosse aprovado, ele retiraria do Código Penal justamente o artigo que se refere à interrupção voluntária da gravidez, que prevê pena de um a três anos de prisão para a mulher que o fizer.

Tal projeto, no entanto, tramitou por praticamente 18 anos e somente em 2008 foi votado. Em 07 de maio, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara o rejeitou, por unanimidade, com o voto de 33 deputados. Dois meses depois, foi a vez da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados votar – e também de maneira contrária ao projeto de 1991. Nessa segunda votação foram 57 votos a favor da manutenção do artigo no Código Penal e apenas 4 contrários. Com essas duas sessões já realizadas, a possibilidade da proposta ser arquivada é bastante alta. A não ser que haja recursos à decisão num prazo de cinco sessões ordinárias.


Repercussão de O Aborto dos Outros:

“Assisti-lo neste momento talvez possa ser útil para que o debate sobre a legalização do aborto, que se arrasta há quase 20 anos no Brasil, seja feito sem maniqueísmo, mas sim sob o prisma da dor que sentem as mulheres nessas situações-limites”
(Folha de S. Paulo / Ilustrada)

“Liberdade de escolha está entre as questões que circundam uma das promessas de polêmica da seleção do 13º É Tudo Verdade: o longa metragem – O Aborto dos Outros – uma das pedidas no cardápio documental”

“Mais inflamável longa na competição nacional do É Tudo Verdade retrata a solidão feminina”
(O Globo / Segundo Caderno)

“O Aborto dos Outros é uma ultra-sonografia da alma feminina, no momento delicado em que elas decidem não ter um filho”.
“São 72 minutos de respiração ofegante , diante do choro silencioso de personagens reais que se entregam à câmera honesta de Carla Gallo”
(Época)

“(O filme) tem um ritmo que procura entender e emanar de modo muito feminino um evento que cabe a elas decidir; que cabe a elas como interesse principal. (...). Carla não força a mão nunca na tentativa de obter depoimentos ou de mostrar momentos específicos onde o aborto está sendo – ou para ser – concretizado.
(Cinequanon)

“O mérito da diretora é fazer com que essas opções estéticas de certa ousadia não brigassem com o tema de óbvia importância”.
(Revista Paisà)


A diretora, Carla Gallo:
Nascida em 1973, em São Paulo, a diretora formou-se pela Escola de Comunicação e Artes (ECA/USP), em 1996. Antes de O Aborto dos Outros, que marca sua estréia em longas-metragens, Carla dirigiu diversos documentários de média duração: Ruas (2007), Na Trilha de São Miguel (2006), Giramundo – Teatro de Bonecos (2004), Hijab – Além do Véu (2002), Tom Zé ou Quem Irá Colocar uma Dinamite na Cabeça do Século? (2000), entre outros. Carla também assina a assistência de direção de Palíndromo (curta-metragem de Philipe Barcinski, 2000), Tônica Dominante (longa-metragem de Lina Chamie, 2000) e A Grande Noitada (longa-metragem de Denoy de Oliveira, 1994).

A produtora, Olhos de Cão:

Realizando curtas-metragens desde 1992, a empresa Olhos de Cão vem se destacando por uma forte presença no panorama cinematográfico brasileiro. A partir do ano de 2000 inicia também a produção de longas-metragens.
O Prisioneiro da Grade de Ferro (documentário sobre o sistema penitenciário paulista, dirigido por Paulo Sacramento, 2003), Amarelo Manga (drama ficcional filmado na cidade de Recife, dirigido por Cláudio Assis, 2002) e A Concepção (ficção ambientada na cidade de Brasília, dirigida por José Eduardo Belmonte, 2005) foram suas primeiras produções. Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins, e O Aborto dos Outros são suas mais recentes produções.

Ficha técnica:

O Aborto dos Outros
Brasil – SP, 2008, 72 min, 35mm
http://www.oabortodosoutros.com.br/
Direção e Roteiro: Carla Gallo
Direção de Fotografia: Aloysio Raulino
Montagem: Idê Lacreta
Produção: Paulo Sacramento
Produção Executiva: Moema Muller
Distribuição: California Filmes



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