O Fim dos Tempos ou a Revolta da Natureza?
Cinema

O Fim dos Tempos ou a Revolta da Natureza?


Fim dos Tempos, M. Night Shyamalam (EUA, 2008).







Por Nildo Viana













O filme "Fim dos Tempos", M. Night Shyamalan (EUA, 2008) dá seqüência ao processo de denúncia dos perigos pelos quais passa a humanidade presente em outros filmes anteriores dirigidos por este cineasta, tal como A Dama na Agua (EUA, 2006). Tal como no filme anterior citado, um certo esoterismo na trama, na qual o mistério não é resolvido satisfatoriamente, que aponta para uma catástrofe, uma situação na qual os indivíduos são atingidos por uma força misteriosa, possivelmente uma toxina, que atinge as pessoas fazendo-as perder o "instinto de sobrevivência", o que leva ao suicídio em massa.


Quem espera um grande "filme-catástrofe" certamente se decepciona. Quem conhece os demais filmes do diretor sabe que o conteúdo não será muito complexo e profundo, nem a trama em si. Também irá saber que ele irá aparecer em alguma cena do filme, tal como é seu costume e parece a mesma coisa que as "aparições" de Stan Lee nos filmes com super-heróis da Marvel Comics. No entanto, o filme tem seus méritos, tal como deméritos, tanto no conteúdo quanto na forma. Os personagens são pouco envolventes por serem pouco profundos e às vezes beirando o patético. De qualquer forma, o filme tematiza a revolta da natureza contra os seres humanos, o que não é novidade na contemporaneidade e pode ser visto, por exemplo, nos quadrinhos de super-heróis "The Autority", embora este mais atualizado e politizado.
O que se nota no filme é a tematização da revolta da natureza provocada pela ação humana e por isso se volta contra ela. A toxina responsável pela perda da vontade de viver é uma substância produzida pelas plantas em sinal de defesa contra a ameaça humana. Assim, a força misteriosa que provoca a morte de milhares de pessoas é a "natureza", ou melhor, parte dela, para ser mais exato, as plantas. O local mais atingido é justamente onde se faz experiências com armas nucleares.
Sem dúvida, retirando o esoterismo presente, que demonstra que o roteirista deixa a desejar em matéria de compreensão do que está por trás da degradação ambiental e dos atuais problemas sociais que a provoca, a intenção é boa, já que a idéia é denunciar as conseqüências disto e a possibilidade de evitar "o acontecimento" (título original do fime). Porém, as limitações formais e a falta de profundidade de conteúdo, além do esoterismo, prejudicam o filme. A idéia apresentada pelo aluno no início, segundo a qual há coisas inexplicáveis na natureza, o que é repetido por um cientista no final do filme. O problema mais grave com a mensagem está em não perceber que o esotérico, o misterioso, realmente é ameaçador, mas se fica nesse nível "inexplicável", reforça a ignorância e o imobilismo, pois medo e ignorância são imobilizadores, e a questão ambiental precisa ser mobilizadora.



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