Para (não) variar
Cinema

Para (não) variar



Ficamos a saber hoje pelo Público que o Cinema Águia d'Ouro, na cidade do Porto, foi vendido pela anterior proprietária Solverde para lá ser erguido um hotel de low cost, para a cadeia B&B. Este cinema, que se encontra encerrado desde 1989, foi um dos exemplos de vitalidade enumerados por Filipe La Féria quando o Santa Claus lhe ofereceu o Teatro Municipal Rivoli, no passado ano de 2007.

Sem estar contra o (re)aproveitamento de edifícios devolutos na baixa da cidade, considerando como é óbvio a premente necessidade de atrair o máximo de população para aquela zona, o facto é que a construção de um hotel vai potenciar a vinda de novos públicos, que se tornarão espectadores priveligiados da desertificação a que a cidade está votada, bem como a completa ausência de propostas culturais a que estamos votados. O fim mais do que anunciado de uma sala que bem poderia ser reactivada pela edilidade, se exitisse vontade (e visão) para tal. A este propósito, dois pontos:

Em primeiro lugar, a badalada questão do polo da Cinemateca no Porto. Passando ao lado da guerra entre João Benard da Costa, Isabel Pires de Lima e Luís Miguel Cintra, que munidos de réguas e dicionários, compararam o tamanho das pilas e do vocabulário, a verdade (ao contrário do que erradamente defende hoje Daniel Oliveira no Expresso) é que a cidade precisa de facto de uma programação de cinema clássico e contemporâneo, a qual deverá ser fornecida por aquela instituição, não fosse ser subsidiada por fundos públicos (que acabam por beneficiar uma pequena parcela da população). Não estamos (pelo menos da minha parte) a batalhar por uma Cinemateca no Porto (o ANIM está muito bem onde está, e não necessita de ser alargado), mas sim por um local de exibição com programação estruturada e subsidiada pela casa-mãe. Da minha parte (e recorrendo à belíssima crónica de João Pereira Coutinho na Única), podem erguer uma casa-museu para exibirem as ceroulas e o penico de Salazar - deixem-nos, pelo menos, ter acesso a filmes dessa altura, em projecção de qualidade.

Em segundo lugar, e intimamente ligado à questão da oferta cultural, o recente Super Bock Super Rock, que de super não se avistou nada (especialmente no Norte). Notícia, como se reclamava no dia da abertura, era existir um festival de música no Porto. Mas bem dispensamos este tipo de eventos, com um cartaz daquela natureza. É que, e francamente, parecia uma ida ao Coração da Cidade para uma sopa quente e um pão, como se de sem abrigo se tratasse. ZZ Top? Jamiroquai? Morcheeba? Mas será que está tudo louco? Que raio de programação é esta? Temos que fazer 300 ou 400 quilómetros para ir ver The National, Vampire Weekend (sim, estiveram na Casa da Música), Bob Dylan e MGMT? Programação pop-rock de gabarito, a acompanhar as tendências actuais, num lado, e a casa-museu Salazar noutro?
Não se espantem os meus caros amigos, por Rosa Passos (mas que grande concerto!) ir ao Theatro Circo a Braga, ou The National atacar em Famalicão. Por cá, para (não) variar, tudo na mesma.





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