Sinopse - No final de 1860, Therese Raquin, uma jovem mulher sexualmente reprimida, vive presa num casamento com o seu primo enfermo. Therese passa os seus dias atrás do balcão de uma pequena loja, e as suas noites a assistir aos jogos de dominó da sua tia e do seu grupo de amigos eclético. Depois de conhecer Laurent, o amigo de infância do seu marido, embarca numa relação intensa e ilícita que leva a trágicas consequências.
Crítica - Baseado no clássico best-seller "Thérèse Raquin", da autoria do aclamado escritor francês Émile Zola, "In Secret" nunca será tão recordado ou aclamado como a sua ilustre e centenária base literária, mas atendendo à sua complexidade e evidente originalidade, não há dúvidas que esta adaptação cinematográfica realizada por Charlie Stratton representa, dentro do possível, um competente retrato melodramático do espírito frio e sombrio do drama romântico de Therese Raquin. Não se iluda, "In Secret" não é, nem de perto nem de longe, tão forte e cativante como poderia ser, mas verdade seja dita que consegue explorar, de uma forma algo distante e não tão poderosa, os périplos trágicos e negros de uma clássica tragédia romântica com toques familiares muito peculiares. É verdade que "In Secret" parece, à primeira vista, uma história romântica, mas quem conhece, pelo menos, a base da história de "Thérèse Raquin" sabe bem o que esperar e, embora esta adaptação seja muito mais leve e aposte sempre num semblante mais romântico, tal não significa que "In Secret" seja um filme leve. Ao longo de mais de duas horas, somos mergulhados num guião erótico recheada de elementos explosivos, como traição, luxuria ou ambição, que mergulha a protagonista, a reprimida Therese Raquin, numa intriga sexual a três bastante curiosa de seguir, sendo que de um ponto de vista prática, este triângulo aproxima-se bem mais de um quadrado familiar, já que a supervisionar, criticar e repreender a vida da protagonista e dos seus dois amantes antagonistas está a experiente Madame Raquin, que se destaca como uma personagem velhaca e sábia, que dentro do seio narrativo, acaba por ser a única com um sentido moral bem afiado, sendo para mim a verdadeira estrela do filme. É claro que a parca moralidade reprimida de Therese também é bastante peculiar, mas ao contrário do livro, o filme não presta tanta atenção como deveria às singularidades morais e filosóficas da sua saga, preferindo focar mais a sua atenção no desejo carnal e na ambiguidade romântica da trama, pondo um pouco mais numa posição secundária, a integridade moral e a componente humana deste projeto.
Embora não seja tão forte e carismático como se previa, "In Secret" não deixa, pelo que já referi, de ser destacar como uma adaptação relativamente fiel, que marca bem a posição e o espírito desta história, mas convém reforçar que, quem conhece bem o livro, poderá ficar um pouco desapontado com a superficialidade deste retrato cinematográfico. Esta desilusão poderá, no entanto, ser um pouco atenuada pela representação que a experiente Jessica Lange faz da a poderosa Madame Raquin, já que a sua interpretação é bem digna da força e carisma desta personagem, que dificilmente seria melhor interpretada por outra atriz em qualquer outra circunstância. Já o restante elenco central também é forte, mas não é tão dilacerante. A jovem e promissora Elizabeth Olsen tem uma performance satisfatória na pele de Therese Raquin, mas esperava um pouco mais de veemência e destreza, quer da personagem em si, quer da própria atriz, que por vezes cede muito à distancia. As duas estrelas masculinas de serviço, Tom Felton e Oscar Issac, também não estão mal, mas claro não têm tanta relevância, neste filme, como as duas mulheres já mencionadas que, como é perceptível são as grandes estrelas deste drama de época que, se fosse um pouco mais fiel à sua poderosa base literária, poderia, quem sabe, ter algumas hipóteses de chegar à época de prémios,
Classificação - 3,5 Estrelas em 5