Sinopse - Um homem bastante cruel e violento (Lee Jung-Jin) que trabalha para a máfia como um coletor de dividas sem limites morais arrepende-se de todos os seus pecados, quando encontra a sua mãe, que o abandonou quando ele era pequeno.
Crítica - Vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza de 2012 e do Prémio de Melhor Filme da Semana dos Realizadores do FantasPorto 2013, "Pietà" não é um filme soberbo ou sublime, mas com uma oferta dramática e intensa de bom nível é, sem dúvida, uma das obras mais interessantes e curiosas dos últimos anos do cinema sul-coreano. Realizado por Kim Ki-Duk, um dos principais mestres da nova vaga do cinema asiático, "Pietà" partilha um certo semblante dramático e temático com certos projetos asiáticos de sucesso género, como "Madeo" ou "Nobody's Daughter Haewon", porque também pega na temática da relação entre uma mãe e um filho para sustentar as bases dramáticas de um guião que, como não poderia deixar de ser, acaba por não ser tão simples como parece à primeira vista. E isto é uma das grandes vantagens deste projeto que, por entre uma construção dramática com toques de violência humana em cada esquina, acaba por desaguar em caminhos trágicos que eventualmente, por intermédio de um grande twist que apesar de tudo torna-se expectável com o passar dos minutos, transfigura esta obra que, assim, transforma-se num thriller de vingança, isto após ter começado como um aparente drama familiar de redenção com contornos bem negros.
Esta transfiguração é habilmente desenvolvida por Ki-Duk, que nunca apressa o ritmo da história e, com isso, acaba por conseguir criar uma certa dualidade moral extremamente penetrante, que numa primeira fase reforça uma certa perspectiva de redenção, quer de um ponto de vista paternal, quer de um ponto de vista humano, mas que já na parte final aposta numa nova perspectiva que, sem esquecer o peso da consciência e a visão de redenção, junta a esta equação a temática da vingança que, por sua vez, também reforça o poder do vínculo familiar entre uma mãe e o seu filho. É esta dança de emoções e revelações que alimenta a vivacidade e a moralidade de "Pietà", que para fazer justiça aos típicos filmes asiáticos, termina a sua história com uma sequência bem forte e violenta que, no fundo, acaba por atar toda a história de um ponto de vista de justiça e igualdade. A mestria de Ki-Duk por detrás das câmaras é acompanhada de perto por um belo trabalho de um elenco central bastante dinâmico que, graças a uma química forte e penetrante, consegue conferir uma maior dimensão a uma história aparentemente simples mas plenamente satisfatória.
Classificação - 4 Estrelas em 5