Cinema
Resenha de Livro: O Movimento Hip Hop
ARTE COMO FUNÇÃO SOCIAL? HIP HOP?
Se me perguntassem ontem: ?Você gosta do movimento Hip Hop?? ? Minha resposta seria direta: - Não conheço, não gosto e tenho raiva de quem sabe sobre essa pulsação bruta da periferia. Assumo: preconceito de quem não tem base para julgar algo que não conhece.
Mas a intenção ao buscarmos conhecimento é fazer com que a zona de conforto, individual, seja excluída para que possamos evoluir, crescer, distinguir, reconhecer. Por isso fui buscar no livro de Rafael Lopes de Sousa algo que me fizesse entender um pouco mais sobre o subúrbio; local, que clama por arte e cultura. Fui beber contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte, da classe média burguesa, não fala.
Abri a mente e o coração para tentar sentir as vozes do gueto. Em ?O Movimento Hip Hop? ? A Anti-Cordialidade da ?República dos Manos? e a ?Estética da Violência? consegui descobrir, de forma sufocante os gritos dos jovens da periferia e suas intervenções no espaço urbano; através da obra posso dizer que fui apresentado, aos poucos, à segregação e aos conflitos reais da cidade de São Paulo. Rafael nos apresenta de forma enriquecedora os bailes blacks, marginalidade, violência, paz e redenção na República dos Manos.
O mundo literário, muitas vezes, fica preso ao mundo teórico, fazendo com que os leitores sintam carência de certa realidade na obra. Porém, graças aos deuses e aos autores engajados, vez ou outra, surgem ?poetas do subúrbio?, que vestem as botinas no asfalto e vão buscar, na periferia e no submundo social e cultural, a realidade dos excluídos. Com isso somos presenteados com textos ricos, vivos e pulsantes. Em livros assim os leitores detectam o cruel e complicado mundo dos que estão do lado de fora da classe burguesa em que muitos vivem.
Rafael Lopes de Souza é um desses autores que não entrou em zona de conforto e foi vivenciar, sentir e refletir sobre o cotidiano tão distinto e ao mesmo tempo, tão duro. A realidade do movimento do Hip Hop é narrado e apresentado como poucas vezes no mundo literário/documentário nacional. Mas, não pensem que ele mostra uma visão derrotada e negativa dos que estão no subúrbio, pelo contrário, Rafael nos apresenta a luta, eterna para os que acreditam que a música, o grafite, ou o movimento Hip Hop podem funcionar como símbolos da luta contra o egoísmo social em que vivemos no mundo moderno.
O autor escreve uma história intensa cheia de ricos detalhes históricos que justificam o movimento dentro da realidade em que foi construído.
Rafael reflete os acontecimentos sociais e as demandas que os jovens da cultura trazem a tona para repensarmos a agenda pública da nação.
Não é fundamental você ser fã de Os Replicantes, Surfista Calhorda ou um adorador de Racionais Mc?s ou do Mundo Mágico de Oz, o relevante, nessa obra, é você estar preparado para questionar o mundo, insano e egoísta em que vivemos hoje.
Egoísmo financeiro e cultural...abaixo a hipocrisia burguesa!
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