Resenha do filme: "Kramer vs. Kramer" (1978)
Cinema

Resenha do filme: "Kramer vs. Kramer" (1978)





Um dos filmes mais realistas que já vi na vida.
Um casal desencontrado. Ele só pensa em trabalho. Ela não suporta mais o papel de mãe/esposa. Ted Kramer é o típico homem dos anos 70 que vive para o seu trabalho. Joanna por sua vez, uma dona de casa entediada com sua vida "morna". A vida do casal caminha nesse cenário, até o dia que Joanna resolve sair de casa e deixar sua vida e filho para trás. Inicia-se aí a jornada de Ted para se tornar um pai melhor, e se ajustar à sua nova realidade. Entre panquecas queimadas e ferimentos em parques de diversão, Ted consegue cativar o seu filho, assim como o telespectador. Porém, ocorre aí mais uma reviravolta, o retorno de Joanna, pedindo a guarda do filho, e dando início a uma disputa judicial pelo garoto.

O filme trás Dustin Hoffman em uma atuação brilhante, como um executivo dos anos 70, focado somente no trabalho, que sofre uma virada de 180º em sua vida, tendo que se adaptar a cuidar de seu filho, ver seu casamento destruído, à perda do seu emprego. Do outro lado, temos uma Meryl Streep linda, jovem e com o talento de sempre, mostrando apenas com um olhar toda a melancolia de Joanna e a sua vida fracassada. E no eixo dessa história temos o jovem Justin Henry, que interpreta Billy, o filho dos Kramer, que com sua inoscência dos 6 anos, encanta a platéia.

A direção de Robert Benton também tem um brilho. Além de tratar o assunto com tamanha veracidade de fatos, trás nos mínimos detalhes, inclusive de ângulos de câmera, um "olhar" por vezes sofrido, por vezes curioso da trama. Uma das cenas mais bacanas fica por conta da corrida de Ted para o hospital após um acidente de Billy, onde a câmera o acompanha sem nenhum corte, levando o telespectador com ele, compartilhando a sua angústia e dor. Além disso, a cena final do filme nos remete ainda mais à sensação de que estavamos vivendo a realidade do filme, quando este "termina" de maneira simbólica, deixando quem assiste ser levado pela imaginação ao pensar "e agora?". Pelo menos é essa a pergunta que paira no ar quando aparecem os créditos.

Uma das razões pela qual o filme causou tanta comoção quando lançado foi exatamente por retratar a inversão de papeis (homem x mulher/ mãe x pai) na década de 70, onde era raro ver um pai/ homem fazendo tarefas até então destinadas para mulheres/ mães.

 Algumas curiosidades sobre "Kramer vs. Kramer" são bem interessantes: o papel de Ted iria ser de Al Pacino, porém esse recusou; a vetereana Jane Fonda também teve o papel de Joanna em mãos, mais também não aceitou e a Pantera Kate Jackson havia sido a escolha original para o papel, mas não pode acetar exatamente pelo seu compromisso com "As Panteras"; o pequeno Justin Henry concorreu ao Oscar, sendo até então, o ator mais jovem a conquistar tal indicação, com apenas 8 anos; Dustin Hoffman chegou a cogitar não aceitar o filme por ter passado por um divórcio difícil na época; Meryl Streep era tão desconhecida na época, que a imprensa nem sabia escrever seu nome; os protagonistas tiveram alguns problemas durante as filmagens por serem ambos bastante perfeccionistas; a famosa cena do sorvete, onde Billy desafia seu pai escapando do jantar e ir direto para a sobremesa, foi completamente improvisada por tanto por Dustin Hoffman quanto Henry Justin, porém o diretor Robert Benton gostou da tanto da cena que ele decidiu mantê-lo no filme; o final do filme causou espanto na platéia na época, exatamente por ser um final "sem fim".

O filme teve 9 indicações ao Oscar: melhor fotografia, melhor ator coadjuvante (Justin Henry), melhor atriz coadjuvante (Jane Alexander), melhor edição, melhor filme, melhor diretor (Robert Benton), melhor ator (Dustin Hoffman), melhor atriz coadjuvante (Meryl Streep) e melhor roteiro adaptado, sendo vencedor dos 5 últimos.

"Kramer vs. Kramer" sem dúvidas é um filme clássico, atemporal e que "fala" com quem assiste. Mostra que nem sempre a vida é como gostaríamos, mas que temos que nos adaptar a ela, e mostrar que somos fortes, que somos os protagonistas de nossa história e que a família continua ainda hoje sendo o nosso bem maior.



Ficha técnica
Diretor: Robert Benton
Elenco: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Jane Alexander, Justin Henry, Howard Duff, George Coe, JoBeth Williams, Bill Moor, Howland Chamberlain, Jack Ramage, Jess Osuna, Nicholas Hormann, Ellen Parker, Shelby Brammer, Carol Nadell, Donald Gantry, Judith Calder, Peter Lownds, Kathleen Keller, Ingeborg Sørensen, Iris Alhanti, Richard Barris, Evelyn Hope Bunn, Joann Friedman, Quentin J. Hruska, Joe Seneca, Dan Tyra, David Golden, Petra King, Melissa Morell, Frederick W. Hand, Scott Kuney
Produção: Stanley R. Jaffe
Roteiro: Robert Benton
Fotografia: Néstor Almendros
Trilha Sonora: John Kander
Duração: 105 min.
Ano: 1979
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Columbia Pictures
Classificação: Livre








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