Retrospectiva 2012 por Celo Silva
Cinema

Retrospectiva 2012 por Celo Silva



Melhor Ator: 
Michael Fassbender

Não somente no contundente "Shame", de Steve McQueen, em que interpreta o obsessivo Brandon, o ator se destacou, mas em "Um Método Perigoso", de David Cronenberg. No decepcionante "Prometheus", de Ridley Scott, foi o sopro de talento como o androide David em uma obra deveras ordinária.


Melhor Atriz:

Charlize Theron

Mais uma vez a atriz provou que não é somente um rosto bonito. Sua Mavis Gary de "Jovens Adultos" (dirigido por Jason Reitman, roteiro de Diablo Cody) não é tão contundente quanto a psicopata de "Monster".  No entanto, emociona e faz rir com o ridículo das situações a que se submete para reconquistar o ex-namorado da adolescência. 

Ator Revelação:
Logan Lerman

O jovem ator, com pinta de galã, em seus trabalhos medianos anteriores não tinha chamado muita atenção. Entretanto, como Charlie de "As Vantagens de Ser Invisível", ele emociona naturalmente ao interpretar um garoto de boa família, mas com sérios traumas de infância, além da morte recente de um amigo, que encontra na dupla de meio-irmãos (defendidos por Emma Watson e Ezra Miller) uma chance de recomeçar.

Atriz Revelação:
Shailene Woodley

Em seu primeiro trabalho para o cinema, a jovem atriz desponta como a filha do personagem de George Clooney no drama "Os Descendentes", de Alexander Payne. De rebelde e problemática, a sua Alexandra King passa a ser um dos alicerces na superação do pai, complicado com problemáticas que não param de aparecer desde o acidente trágico sofrido pela esposa. 

Melhor Diretor:
Leos Carax

O sumido diretor francês, Leos Carax, não concluía um longa metragem desde 1999, quando entregou "Pola X". No entanto, valeu a espera. Com "Holy Motors", o diretor entrega um trabalho autoral, divagando sobre a sua e a nossa paixão pelo cinema. Existe um cuidado muito grande ao realizar as cenas, confluindo com eficiência trilha sonora, fotografia e atuações, principalmente quando toca na alternância de gêneros cinematográficos dentro de sua obra. Passear por diversos motes não é para qualquer um e Carax transita  com leveza e emoção, de forma sutil e sem nunca perder o ritmo. 

Melhor Blockbuster:

O diretor Peter Jackson volta a Terra-Média com muita propriedade e talento. Ainda que o "Hobbit" não tenha o viés dramático da "Trilogia do Anéis", o tom aventureiro cativa e convida o espectador para um passeio menos pretensioso pelo mesmo universo criado pelo escritor J. R. R. Tolkien. Diversão de primeira garantida!

Filme Surpresa:

Dirigido e roteirizado por Sthephen Chbosky, também autor da obra literária, "As Vantagens de Ser Invisível" surpreendeu a todos, praticamente por pegar o universo clichê cinematográfico juvenil e transformá-lo em algo sensível e cativante. Repetindo assim o feito de John Hughes com o "Clube dos Cinco" de 1985. Resultado: um clássico adolescente instantâneo.

Melhor Filme em Home-Vídeo:

Ignorado no circuito exibidor nacional, mas aclamado pela crítica americana, "O Abrigo" de Jeff Nichols, é uma pequena joia de melancolia e fé a ser descoberta. Na trama, Michael Shannon é Curtis, um pai de família que acredita estar recebendo sinais de que o fim está próximo. Taxado de louco, ele começa a construir um abrigo para sua família sobreviver ao apocalipse. Shannon entrega uma atuação fantástica, talvez até a sua melhor na carreira e Jessica Chastain emociona pela simplicidade de sua personagem, a esposa de Curtis. Vale muito a pena conhecer "O Abrigo".

Filme Decepção: 

Quando se fala de decepção, automaticamente está ligado a expectativa gerada. Eu até poderia citar "Na Estrada", de Walter Salles, como minha maior decepção, mas a minha expectativa por "Prometheus" era muito maior. A fundo, o filme não é ruim, entretanto, finca os pés no lugar comum e tem um desfecho para lá de preguiçoso. Ridley Scott pode e deve fazer mais.

Melhor Filme Nacional:

Nessa categoria eu poderia citar "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios", de Beto Brant e Renato Ciasca ou mesmo "Febre do Rato" de Cláudio Assis. No entanto, fico com o épico "Corações Sujos" de Vicente Amorim. Um autêntico filme de samurai em solo brasileiro, contando em ficção, a história verídica sobre a guerra deflagrada pela organização terrorista Shindo Renmei na zona rural paulista do começo do século XX. O talentosos elenco japonês é um atrativo especial.

Melhor Comédia:

Antes de assistir "Ted", minha comédia favorita de 2012 era o irresponsável "Projeto X". Entretanto, "Ted", consegue ultrapassar o nível de irresponsabilidade e polêmica da já citada comédia found footage. O comediante Seth McFarlane, assume a direção, e coloca todo mundo para rir contando as peripécias desse ursinho desbocado, que ganha vida no dia de natal depois de um desejo de seu dono. 

Melhor Filme Circuito Alternativo:

O filme dirigido pelo francês Leos Carax é uma ode ao cinema e ao trabalho de ator. Monsieur Oscar (interpretado de forma mágica por Denis Lavant) é um homem misterioso que sai pela cidade de Paris, dentro de uma limousine branca, interpretando vários personagens durante um dia. Intrigante, desafiador, "Holy Motors" é uma obra de arte genial.

Top Five Piores Filmes do Ano:










Particularmente, esse ano de 2012, eu me poupei de assistir alguns filmes aclamados como baboseiras pela maioria dos críticos e do público. Assim, não conferi "As Aventuras de Agamenon", "Totalmente Inocentes", "E aí comeu?" e "Até que a Sorte nos Separe". No entanto, me propus a ver algumas obras que acreditava ter algum potencial, mas que se revelaram "pérolas" esquecíveis. Em "O Corvo", não se refutaram a estuprar a mitologia do cultuado escritor Edgar Alan Poe em detrimento de fazer uma obra mais "popular". "O Vingador do Futuro" ganha o título de remake desnecessário e inexpressivo do ano. "Atividade Paranormal 4" chafurda na obviedade uma série que vinha sendo simpática aos fãs de terror. "12 Horas", a estreia do diretor brasileiro Heitor Dhalia em Hollywood, é uma colcha de retalhos muito mal costurada pelos produtores, que não deram ao diretor o corte final. E "A Casa Silenciosa" é um remake de um filme que já não é grande coisa, o uruguaio "A Casa", o resultado final é uma obra lastimosa de tão pretensiosa. Cinco maus exemplos de como não se deve fazer cinema.

Top Five Melhores Filmes do Ano:









Felizmente, o ano de 2012 foi prolifico em bons filmes. Um Top 5 pode parecer até injusto. Principalmente por deixar de fora algumas obras maravilhosas como o francês Polissia, o já citado As Vantagens de Ser Invisível, a nova adaptação inglesa de Morro dos Ventos Uivantes, que vem arrebatando festivais ou mesmo os filmes do Oscar, como Os Descendentes e A Invenção de Hugo Cabret. Isso, só para citar alguns exemplos. Entretanto, a missão era trazer os cinco filmes favoritos desse que vós escreve. 

Em "Tabu", o diretor português Miguel Gomes faz uma homenagem ao cinema clássico, sem nunca deixar de ousar, construindo uma obra poética, apoiada nas belas frases proferidas por elenco ou pelo narrador. Em verdade, o idioma português nunca foi visto com tanta beleza no cinema atual.

"Holy Motors", obra-prima de Leos Carax, desafia o espectador a procurar significados para as proezas de seu protagonista. Um trabalho genial, dotado de visual único, narrativa criativa e atuações imersivas. Talvez, seja o melhor filme do ano mesmo.

Com "Cosmopolis", o diretor canadense David Cronenberg voltou a fundir homem e máquina, mas dessa vez de um forma mais singela, digamos assim. O ator Robert Pattinson é um baby boomer que roda pela cidade, dentro de sua imponente limousine, quase uma extensão de seu corpo. Enquanto procura pelo corte de cabelo perfeito, recebe pessoas subordinadas a ele dentro de seu carro. Nesse meio tempo, Cronenberg se propõe a divagar sobre economia, sexo, relacionamentos, personalidade humana e os rumos da nossa sociedade. Uma palavra define: contundente.

O novo trabalho do estiloso diretor Wes Anderson, "Moonrise Kingdom", coloca um pouco de lado os maneirismo narrativos do cineasta, para assim construir uma obra mais simples, mas não menos bela e encantadora. A trama acompanha a jornada de dois jovenzinhos apaixonados que se embrenham pelo meio de uma ilha, a procura de paz e de viver seu romance idealizado. O final maravilhoso é uma clara referencia ao saudoso e belo cinema clássico.

Por fim, a obra mais polêmicas do ano, "Shame", de Steve McQueen. Aqui, o talentoso diretor traz um protagonista sedento por sexo e prazer, assim cria um paralelo sobre a compulsão do homem moderno. O ator Michael Fassbender entrega uma atuação notável.

Certo que alguns discordarão, mas listas são feitas para isso, não é verdade? Fiquem a vontade para elogiar ou criticar, esse humilde escritor agradece. Aproveito o ensejo, para desejar um 2013 repleto de realizações para todos os leitores e que esse ano que vai entrar, traga muitas produções especiais. Até!!



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