Cinema
Ricky
(Ricky, FRA/ITA, 2009)O mais interessante dos contos de fadas é como as coisas, por mais feias e inaceitáveis que sejam, adquirem ares de mágicas e envolventes. A traição, o abandono e a perversão, envoltos em uma aura de sublime, parecem transmitir melhor uma mensagem.
Não é comum se ver hoje em dia contos de fadas assumidos com esta estrutura e características. No cinema, ainda que o meio possibilite uma viagem interessante com a mistura e a transformação de objetos, não há muitos exercícios e, na maioria das vezes que tem em si a vontade de criar fábulas fantásticas, limita-se ao estilo Disney de contar uma história, esvaziando seu sentido em prol do visual.
O jovem cineasta francês François Ozon, com sua mania de passar por todos os estilos, resolveu voltar às antigas metáforas e criou a história de Ricky, um bebê muito especial que muda completamente a vida de uma família.
Katie vive sozinha com a filha de sete anos, Lisa, no subúrbio parisiense. Na fábrica em que trabalha, se apaixona por um colega, Paco, e em pouco tempo eles resolvem morar juntos e ela engravida de Ricky, um bebê fofo, que chora demais.
Na primeira metade do filme, o que se vê é mais um drama familiar, como muitos outros, e embora a história seja envolvente, nada chama muita atenção. As coisas mudam radicalmente na segunda metade do filme, quando o fantástico toma lugar e tudo que estava tão confortável, passa a não fazer nenhum sentido.
Mesmo com todas as dicas dadas, o público assiste incrédulo a todas as transformações e leva um tempo, depois dos créditos para alguns, para aceitar tudo aquilo que acaba de assistir.
Tecnicamente, o filme está todo no lugar, com bons enquadramentos e um uso interessante da cor, mas sofre com um exagero de trilha aqui e outro lá.
Como é comum no cinema francês, as atuações são pontos altos, com destaque para Alexandra Lamy, que dá vida à sofrida e apaixonada mãe, e, principalmente, para a pequena Mélusine Mayance, fantástica como a independente e solitária Lisa.
Excelente pedida, Ricky, assim como os contos que fizeram parte da infância de cada um, é um filme que busca fantasiar uma dura realidade e sabe conquistar quem o assiste, mas estranhamentos podem e vão acontecer.
Um Grande MomentoVoa, Ricky, voa.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Festival de Berlim: Urso de Ouro
LinksDrama
Direção: François Ozon
Elenco: Sergi López, Alexandra Lamy, Mélusine Mayance, Arthur Peyret, André Wilms, Jean-Claude Bolle-Reddat
Roteiro: François Ozon
Duração: 90 min.
Minha nota: 7/10
loading...
-
Meryl Streep Trabalhará Com Diablo Cody E Jonathan Demme Em Ricky And The Flash
Segundo o The Hollywood Reporter, Meryl Streep vai protagonizar o drama ?Ricky and the Flash?, cujo enredo foi escrito por Diablo Cody, a guionista de "Juno". O consagrado realizador Jonathan Demme, o cineasta de "The Silence of The Lambs", vai comandar...
-
Crítica: Potiche - Esposa Troféu (potiche, 2010)
Potiche, que em francês significa literalmente um grande vaso, é também como são chamadas as esposas que vivem para os seus maridos, possuem aparência sempre impecável e nenhum poder de decisão. Servem apenas para servir de enfeite ao lado do...
-
Âmago
(Âmago, BRA, 2008) Drama Direção: Antonio Balbino Elenco: Carlos Elias, Lídia Rodrigues, Josuel Jr., Jacira Siqueira, Arthur Pessoa, Bárbara Neumman, Hyandra Nerol, Sebastian Monsalves, Luis Monsalves, Wanessa Carvalho, Shirley Zouki Roteiro: Antonio...
-
O Que Há De Ficar
(O Que Há de Ficar, BRA, 2008) Drama Direção: Felipe Continentino Elenco: Maria Flor, Vera Holtz Roteiro: Felipe Continentino, Antônio Engelke Duração: 15 min. Minha nota: 5/10 Depois de uma comédia contagiante e agitada sempre é difícil emplacar...
-
Cannes: Jeune & Jolie
JEUNE & JOLIE O filme é um retrato de uma jovem e bela garota de 17 anos (Marine Vacth) em quatro estações e quatro canções. A direção é de responsabilidade do cultuado cineasta François Ozon (Dentro da Casa). Charlotte Rampling, Frédéric...
Cinema